São Paulo, quarta-feira, 27 de abril de 2011

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Presidente pede voto de confiança a empresários

Para Dilma, é possível conciliar crescimento do país e inflação baixa

Na primeira reunião com conselho formado por empresários, ela defendeu ações de sua equipe econômica


DE BRASÍLIA

Num evento feito sob medida para rebater as desconfianças do mercado sobre os rumos da economia, a presidente Dilma Rousseff disse ontem que é dela a orientação de combinar dois "compromissos" assumidos na campanha: controle da inflação e preservação do crescimento econômico.
Ela acrescentou que está pronta para adotar novas medidas se forem necessárias, mas com "serenidade".
Na primeira reunião do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) em sua gestão, Dilma afirmou que o governo está atento e analisando "diuturnamente, e até noturnamente", as pressões inflacionárias. Ela pediu um voto de confiança a empresários e à sociedade civil para as medidas da equipe econômica.
Durante seu discurso, ela disse compreender que "alguns tenham dúvidas" e "no calor do debate econômico duvidem de tudo" ao falar de críticas ao governo. Alguns analistas classificam a atuação de ambígua já que busca baixar a inflação e, ao mesmo tempo, manter expansão econômica maior que 4%.
Por conta dessas desconfianças, desde a posse de Dilma, o mercado vem projetando aumento da inflação. Entre as medidas tomadas até agora estão três aumentos da taxa básica de juros feitos pelo Banco Central e ações para encarecer o crédito.
Num recado dirigido a parte de sua equipe, ela acrescentou que "compreender o calor e a paixão que envolvem o debate não pode significar para o governo aquecê-lo mais do que é necessário." Conforme a Folha revelou, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, exortou empresários a reagir à decisão do governo de conter a inflação com a queda do dólar.
Ele disse falar também em nome dos ministros Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento).
A forte concorrência com os importados, somada à alta na taxa básica de juros Selic, já está reduzindo o otimismo da indústria de transformação. Segundo uma pesquisa feita pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o setor vai investir 4,7% a menos neste ano. Os segmentos mais afetados pelas importações são os que mais cortaram investimento, como indústria eletrônica, de máquinas e equipamentos, plástico e móveis.
Ao dizer que seu governo não se furtará a colocar em ação todas as medidas necessárias, Dilma acrescentou ser necessário aguardar os efeitos de decisões já tomadas.
Depois de repetir duas vezes a frase "eu cumpro os meus compromissos", Dilma reiterou que a preocupação do governo será controlar a inflação e estimular o crescimento econômico e social "simultaneamente".
Afinada com a apresentação feita aos conselheiros por Guido Mantega (Fazenda), a presidente disse que a inflação é um fenômeno mundial. Mas, pela primeira vez, ela deu ênfase a pressões domésticas sobre os preços.
"Além dessas pressões internacionais, hoje, nós sabemos também -e não vamos esconder esse fato- que a nossa inflação subiu devido a choques internos", reconheceu a presidente.
Dilma classificou de "bons problemas" os que enfrenta hoje. Ela disse que os problemas do crescimento são melhores que aqueles provocados por desemprego, e falta de renda e investimento.


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