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Arrecadação e freio no gasto inflam saldo do governo
Até março, superavit primário foi de R$ 25,9 bi
ANA CAROLINA OLIVEIRA
DE BRASÍLIA
O governo central (que inclui Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) conseguiu fechar o mês
de março com suas contas
positivas em R$ 9,1 bilhões.
O resultado, chamado superavit primário, é contabilizado antes do pagamento
dos juros da dívida e foi alcançado em função do aumento da arrecadação de impostos e da redução no ritmo
de gastos.
No mesmo período do ano
passado, o governo havia registrado deficit de R$ 4,5 bilhões. Considerando os três
primeiros meses do ano, o
superavit foi de R$ 25,9 bilhões- volume 215% maior
que em igual período de
2010, quando ficou em R$ 8,2
bilhões. A meta para o período era de R$ 22,9 bilhões.
Nos três primeiros meses
deste ano, a arrecadação de
impostos já subiu 19,5%.
O principal responsável
pelo resultado de março foi o
Tesouro Nacional, que contribuiu com um superavit primário de R$ 12,3 bilhões.
A Previdência Social teve
deficit de R$ 3,1 bilhões e, o
BC, de R$ 10,7 milhões.
O economista Felipe Salto,
da consultoria Tendências,
acha que o resultado do trimestre não deve se sustentar.
"O primeiro trimestre é
sempre um período de bons
resultados, principalmente
em primeiro ano de mandato. Porém, as receitas ainda
não estão refletindo a desaceleração da atividade", diz.
Outro ponto que ajudou
no resultado, de acordo com
o economista, foi o pagamento final do IRPJ (Imposto de
Renda de Pessoa Jurídica) e
da CSLL (Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido), que é
feito em março.
O economista alerta que o
governo precisa fazer uma
política fiscal mais austera.
Ou seja, gastar menos.
"Existem metas de médio
prazo, não existem objetivos
de longo prazo. Isso não nos
faz acreditar que o governo
vai manter um [superavit]
primário elevado", afirma.
O secretário do Tesouro
Nacional, Arno Augustin,
acredita que, diferentemente
do ano passado, quando a
economia precisava de estímulos para crescer, a política
fiscal será usada para evitar
pressões inflacionárias.
"Agora queremos equilibrar o crescimento econômico no que achamos melhor
para o Brasil. Há uma contribuição do [lado] fiscal neste
período para termos um crescimento equilibrado e para
que não haja pressão inflacionária", declarou, atribuindo parte do resultado ao
corte de R$ 50 bilhões nos
gastos públicos anunciado
em fevereiro.
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