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Senado recontrata FGV por R$ 250 mil
Fundação fará outro estudo de reforma administrativa da Casa; projeto antigo foi desfigurado por servidores
"Eles até pediram mais, mas nós não aceitamos. Aí Sarney negociou e conseguimos um preço simbólico", disse Tasso
NOELI MENEZES
DE BRASÍLIA
O Senado anunciou a recontratação da FGV (Fundação Getúlio Vargas), pelo valor "simbólico" de R$ 250
mil, para propor outra reforma administrativa da Casa.
O primeiro estudo, realizado pelo mesmo valor em
2009, quando a Casa sofria
acusações de irregularidades, não chegou a ser implementado porque foi alterado
pelos servidores de carreira.
"Eles até pediram mais,
mas nós não aceitamos. Aí o
presidente José Sarney negociou e conseguimos um preço simbólico. Nós fizemos
uma avaliação com outras
consultorias e o trabalho sairia entre US$ 1 milhão e US$ 2
milhões", disse Tasso Jereissati (PSDB-CE), relator da comissão sobre a reformulação
da estrutura do Senado.
Como a reforma não entrou em vigor, as medidas
propostas pela FGV no primeiro estudo, como a redução do número de diretorias
de 181 para 7, não chegaram
a ser implementadas de fato.
A FGV propõe, desta vez, ir
além dos cargos de chefia e
restruturar os níveis hierárquicos operacionais. Mas
ainda não será proposto um
plano de cargos e salários.
O suposto "boicote" dos
funcionários a uma reforma
mais profunda foi alvo ontem
de críticas de senadores. Segundo Tasso, o projeto finalizado pelos servidores descaracterizou as propostas da
FGV, elevando o número de
cargos ao invés de reduzi-lo.
O tucano disse que o estudo será refeito sem as sugestões de servidores, e que contratar outra consultoria implicaria recomeçar do zero.
"O primeiro estudo da FGV
não fracassou. Foi boicotado
pelos próprios funcionários.
Pela proposta deles, vamos
continuar a ter uma TV Globo
e uma Polícia Federal no Senado", disse, sobre a TV Senado e a Polícia Legislativa.
O senador Pedro Simon
(PMDB-RJ) diz que, pelo projeto dos servidores, "uma administração manifestamente
hipertrofiada" se consolidaria ainda mais, e citou o trecho que trata do departamento de engenharia, "que
seria uma espécie de comissão que criou Brasília".
"É uma estrutura espetacular, deixando as portas
abertas para o que se achar
necessário. Pelo que sei, o Senado não está planejando fazer grandes obras", afirmou.
Numa tentativa de acalmar os colegas, o senador Papaléo Paes (PSDB-AP) disse
que "precisamos ter cuidado.
Não podemos trazer novamente o foco para nós". Mas
Tasso insistiu em citar o ex-diretor-geral da Casa Agaciel
Maia, afastado do cargo:
"Saiu o Agaciel, mas a Casa
continua agacielizada".
O coordenador-geral do
projeto da FGV, Bianor Cavalcante, disse que o novo estudo avança em relação ao
primeiro e classificou de
"simbólico" o valor cobrado
pela fundação, pois nem "sequer retrata os custos de um
trabalho dessa natureza."
A Direção-Geral do Senado
disse que não falaria sobre as
acusações aos servidores
porque a reforma administrativa "está no campo do Legislativo e quem responderá
por ela serão os senadores".
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