São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2010

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Senado recontrata FGV por R$ 250 mil

Fundação fará outro estudo de reforma administrativa da Casa; projeto antigo foi desfigurado por servidores

"Eles até pediram mais, mas nós não aceitamos. Aí Sarney negociou e conseguimos um preço simbólico", disse Tasso


NOELI MENEZES
DE BRASÍLIA

O Senado anunciou a recontratação da FGV (Fundação Getúlio Vargas), pelo valor "simbólico" de R$ 250 mil, para propor outra reforma administrativa da Casa.
O primeiro estudo, realizado pelo mesmo valor em 2009, quando a Casa sofria acusações de irregularidades, não chegou a ser implementado porque foi alterado pelos servidores de carreira.
"Eles até pediram mais, mas nós não aceitamos. Aí o presidente José Sarney negociou e conseguimos um preço simbólico. Nós fizemos uma avaliação com outras consultorias e o trabalho sairia entre US$ 1 milhão e US$ 2 milhões", disse Tasso Jereissati (PSDB-CE), relator da comissão sobre a reformulação da estrutura do Senado.
Como a reforma não entrou em vigor, as medidas propostas pela FGV no primeiro estudo, como a redução do número de diretorias de 181 para 7, não chegaram a ser implementadas de fato.
A FGV propõe, desta vez, ir além dos cargos de chefia e restruturar os níveis hierárquicos operacionais. Mas ainda não será proposto um plano de cargos e salários.
O suposto "boicote" dos funcionários a uma reforma mais profunda foi alvo ontem de críticas de senadores. Segundo Tasso, o projeto finalizado pelos servidores descaracterizou as propostas da FGV, elevando o número de cargos ao invés de reduzi-lo.
O tucano disse que o estudo será refeito sem as sugestões de servidores, e que contratar outra consultoria implicaria recomeçar do zero.
"O primeiro estudo da FGV não fracassou. Foi boicotado pelos próprios funcionários. Pela proposta deles, vamos continuar a ter uma TV Globo e uma Polícia Federal no Senado", disse, sobre a TV Senado e a Polícia Legislativa.
O senador Pedro Simon (PMDB-RJ) diz que, pelo projeto dos servidores, "uma administração manifestamente hipertrofiada" se consolidaria ainda mais, e citou o trecho que trata do departamento de engenharia, "que seria uma espécie de comissão que criou Brasília".
"É uma estrutura espetacular, deixando as portas abertas para o que se achar necessário. Pelo que sei, o Senado não está planejando fazer grandes obras", afirmou.
Numa tentativa de acalmar os colegas, o senador Papaléo Paes (PSDB-AP) disse que "precisamos ter cuidado. Não podemos trazer novamente o foco para nós". Mas Tasso insistiu em citar o ex-diretor-geral da Casa Agaciel Maia, afastado do cargo: "Saiu o Agaciel, mas a Casa continua agacielizada".
O coordenador-geral do projeto da FGV, Bianor Cavalcante, disse que o novo estudo avança em relação ao primeiro e classificou de "simbólico" o valor cobrado pela fundação, pois nem "sequer retrata os custos de um trabalho dessa natureza."
A Direção-Geral do Senado disse que não falaria sobre as acusações aos servidores porque a reforma administrativa "está no campo do Legislativo e quem responderá por ela serão os senadores".


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