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Analistas divergem de Mantega sobre câmbio
Economista classifica de "simplista" a ideia de que avalanche de capitais é temporária
PATRÍCIA CAMPOS MELLO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
"Controles de capital não
vão fazer os investidores deixarem de aplicar seu dinheiro no Brasil". É o alerta de
Joyce Chang, chefe de pesquisa de mercados emergentes do JP Morgan Chase.
Chang participou ontem
de um seminário sobre fluxos
de capital em países emergentes organizado pelo FMI
(Fundo Monetário Internacional), no Rio.
Ela e alguns economistas
acadêmicos e de mercado
reunidos no evento questionam a visão do governo brasileiro de que a avalanche de
capitais estrangeiros é temporária e discutem a eficácia
dos controles de capital.
Na abertura do seminário,
o ministro da Fazenda, Guido
Mantega, voltou a culpar a
política monetária frouxa
dos EUA e a "taxa de câmbio
manipulada" de alguns países pelo excesso de fluxos de
capital para o Brasil e consequente valorização do real.
"É simplista culpar a política monetária americana e o
yuan [moeda chinesa] pelo
aumento nos fluxos de capital, houve uma reclassificação dos emergentes", disse à
Folha Chang.
"Esse aumento de investimentos nos emergentes veio
para ficar, não haverá reversão. É o novo normal -os
controles de capital teriam
de ser mantidos por muito
tempo", afirmou.
CONTROLE TEMPORÁRIO
Mantega disse que a ideia
dos controles é serem temporários, porque a qualquer
momento a situação externa
pode mudar, quando os EUA
elevarem os juros.
Para Chang, não adianta
ter soluções temporárias. O
diferencial de juros entre os
países ricos e as nações
emergentes está muito alto e
não deve cair tão cedo. Além
disso, a perspectiva de crescimento de emergentes e a
saúde fiscal de países como o
Brasil são muito superiores
às de nações avançadas.
Fundos de pensão americanos investem hoje 2,1% de
seus recursos em países
emergentes. De acordo com
Chang, eles pretendem aumentar esse índice para 7%.
Esse fundos têm US$ 3,7
trilhões em recursos -mais
do que as reservas da China.
Mesmo com a turbulência
na Líbia, a alta do petróleo e
o quase estourou do teto da
dívida americana, os investimentos em emergentes tiveram aumento. "Eles são agora "fuga para qualidade", e
não mais investimento especulativo", afirmou Chang.
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