São Paulo, sexta-feira, 27 de maio de 2011

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Analistas divergem de Mantega sobre câmbio

Economista classifica de "simplista" a ideia de que avalanche de capitais é temporária

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

"Controles de capital não vão fazer os investidores deixarem de aplicar seu dinheiro no Brasil". É o alerta de Joyce Chang, chefe de pesquisa de mercados emergentes do JP Morgan Chase.
Chang participou ontem de um seminário sobre fluxos de capital em países emergentes organizado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), no Rio.
Ela e alguns economistas acadêmicos e de mercado reunidos no evento questionam a visão do governo brasileiro de que a avalanche de capitais estrangeiros é temporária e discutem a eficácia dos controles de capital.
Na abertura do seminário, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a culpar a política monetária frouxa dos EUA e a "taxa de câmbio manipulada" de alguns países pelo excesso de fluxos de capital para o Brasil e consequente valorização do real.
"É simplista culpar a política monetária americana e o yuan [moeda chinesa] pelo aumento nos fluxos de capital, houve uma reclassificação dos emergentes", disse à Folha Chang.
"Esse aumento de investimentos nos emergentes veio para ficar, não haverá reversão. É o novo normal -os controles de capital teriam de ser mantidos por muito tempo", afirmou.

CONTROLE TEMPORÁRIO
Mantega disse que a ideia dos controles é serem temporários, porque a qualquer momento a situação externa pode mudar, quando os EUA elevarem os juros.
Para Chang, não adianta ter soluções temporárias. O diferencial de juros entre os países ricos e as nações emergentes está muito alto e não deve cair tão cedo. Além disso, a perspectiva de crescimento de emergentes e a saúde fiscal de países como o Brasil são muito superiores às de nações avançadas.
Fundos de pensão americanos investem hoje 2,1% de seus recursos em países emergentes. De acordo com Chang, eles pretendem aumentar esse índice para 7%.
Esse fundos têm US$ 3,7 trilhões em recursos -mais do que as reservas da China.
Mesmo com a turbulência na Líbia, a alta do petróleo e o quase estourou do teto da dívida americana, os investimentos em emergentes tiveram aumento. "Eles são agora "fuga para qualidade", e não mais investimento especulativo", afirmou Chang.


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