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Oi negocia com o governo parceria em satélite militar
Lula se entusiasma com o projeto, cujo custo estimado é de R$ 710 mi
Planalto vê negociação com bons olhos pelo fato de ela envolver uma empresa nacional de telecomunicações
ELVIRA LOBATO
DO RIO
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
Depois de ressuscitar a Telebrás para gerir o Plano Nacional de Banda Larga, o governo Lula estuda parceria
com a Oi para lançar um satélite brasileiro de uso militar e
comercial com custo estimado em US$ 400 milhões (em
torno de R$ 710 milhões).
O projeto foi apresentado
ao presidente Lula pelos
acionistas controladores da
Oi, os empresários Carlos Jereissati, do Grupo La Fonte, e
Sérgio Andrade, da Andrade
Gutierrez. O presidente gostou da ideia, e a Casa Civil
pretende estudar o projeto.
De acordo com um auxiliar
de Lula, o tema será analisado por uma comissão interministerial e é "natural" fechar a parceria estratégica.
Segundo relato de assessores presidenciais, há pontos
que recomendam a parceria:
o custo elevado e o fato de
que um satélite de uso exclusivo da União ficaria ocioso.
Além disso, como a Oi é
nacional, o governo vê a parceria com mais simpatia do
que se a espanhola Telefónica e a mexicana Embratel estivessem envolvidas.
Pela proposta da tele, seria
criada uma empresa para gerenciar o projeto. A União e a
Oi teriam 50% cada uma na
sociedade. O prazo de desenvolvimento, fabricação e lançamento do satélite é de cerca de dois anos e meio.
Os empresários argumentaram com o presidente que
ter um satélite controlado
por capital brasileiro é questão de soberania nacional.
Disseram ainda que todos
os satélites considerados
brasileiros, que ocupam posições orbitais pertencentes
ao Brasil, são controlados
por empresas de capital estrangeiro, e que, na eventualidade de uma guerra, os militares não teriam controle físico sobre os equipamentos.
Desde a privatização da
Embratel, em 1998, os militares reivindicam algum controle sobre os satélites que fazem as comunicações sigilosas das Forças Armadas.
O presidente da Oi, Luiz
Eduardo Falco, confirmou
que a empresa propôs parceria ao governo para um satélite de uso civil e militar.
""O principal fator para viabilidade de um satélite é haver demanda para ocupar
sua capacidade. Os dois
maiores consumidores de
serviços de satélite no Brasil
são a Oi e o governo. Por que
não nos juntarmos e tirarmos
proveito disso?", disse Falco.
A tele é fruto da compra,
pela Telemar, da Brasil Telecom, fusão estimulada pelo
próprio Lula, que chegou a
mudar a lei para viabilizar a
operação, dentro da estratégia do governo de ter no país
uma grande empresa nacional de telecomunicações.
A Oi, por sinal, aproveitou
o momento de disputa no
mercado entre a Telefónica e
a Portugal Telecom pela Vivo
(maior operadora de telefonia celular do país, em número de assinantes) para pedir
tratamento diferenciado ao
governo Lula.
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