São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 2011

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Técnico, tucano não alçou altos voos políticos

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Paulo Renato Souza foi muito respeitado como técnico, mas não conseguiu alçar altos voos políticos. Homem afável, de boa prosa, craque no violão, faltava-lhe malícia para o jogo bruto da política.
Sonhou ser presidente, governador, prefeito ou senador, mas jamais conquistou o PSDB para eleições majoritárias. Seu único mandato eletivo foi para a Câmara, entre 2007 e 2009, quando saiu para a Secretaria de Educação de José Serra em São Paulo.
Uma volta às origens, pois entrou para a política na mesma função no governo Franco Montoro, em 1984.
Ainda jovem, Paulo Renato integrou o grupo de Fernando Henrique Cardoso e José Serra no Chile e era o tesoureiro do fundo para exilados que, como eles, fugiam da ditadura brasileira.
Passou o resto da vida se digladiando com Serra numa intensa relação que alternava amor e competição.
Os dois, economistas, despontaram para a vida pública no governo Montoro, celeiro de uma geração que esteve na linha de frente nas décadas seguintes.
A chegada do grupo ao poder foi no governo que seria de Tancredo Neves e foi exercido por José Sarney (1985-1990). O desembarque efetivo foi com a vitória de FHC à Presidência, em 1994.
Paulo Renato iria para o Ministério do Planejamento. José Serra levou, e ele deslizou suavemente para o da Educação. Foi uma das disputas que travou com Serra. Perdeu todas.
Mas foi no MEC que Paulo Renato chegou ao auge, com a criação do Enem, contra tudo e todos, e a federalização do Bolsa Escola, multiplicado e rebatizado como Bolsa Família no governo Lula. Um legado e tanto.
Sua última tentativa foi a candidatura ao Senado em 2010, mas a vaga tucana, mais uma vez, foi para outro: Aloysio Nunes Ferreira, eleito na reta final. Jogou a toalha. Desistiu da vida pública.


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