São Paulo, quarta-feira, 27 de julho de 2011

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Base eleitoral de ministros lidera convênios com Dnit

Repasse de verbas para Maringá (PR) aumentou após prefeitura contratar amiga de Paulo Bernardo e Gleisi

Teresinha Nerone atua como representante do município em Brasília em órgãos federais desde maio de 2008

BRENO COSTA
DE BRASÍLIA

A Prefeitura de Maringá (PR) é a mais beneficiada por convênios municipais com o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) desde 2003.
Foram R$ 148,6 milhões em convênios no período, segundo levantamento feito pela Folha. Porto Velho (RO) está em segundo lugar, com R$ 111,3 milhões.
Dos quatro convênios, três foram assinados depois de maio de 2008, quando o município contratou Teresinha Rocha Nerone para captar recursos em órgãos públicos estaduais e federais.
Ela é amiga do casal de ministros Paulo Bernardo (Comunicações) e Gleisi Hoffmann (Planejamento). Maringá é uma das principais bases eleitorais dos petistas.
O quarto e maior convênio da cidade com o Dnit, no valor de R$ 94,1 milhões, foi firmado em 2004. Mas 75% do valor só foi liberado após a contratação de Teresinha.
Os convênios são uma forma de acordo financeiro em que, mediante a apresentação de um projeto pelo município, o órgão federal, no caso o Dnit, repassa verba para que a prefeitura contrate e execute obras ou serviços.
Isso não exclui a realização de obras diretamente pelo governo federal, sem intermediação do município.

RELAÇÕES
Gleisi e Paulo Bernardo reconheceram, por e-mail, a amizade com Teresinha, como mostrou a Folha no último domingo. Em seu Twitter, ela chegou a escrever, em 2009, quando já era contratada pela Prefeitura de Maringá, que estava "na praia, tomando vinho" com o casal.
O ex-diretor-geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot, que pediu demissão do órgão anteontem, envolveu o casal de ministros na crise do Ministério dos Transportes.
Pagot afirmou a congressistas de seu partido, o PR, que "cumpria ordens do Planejamento", chefiado por Bernardo durante o governo Lula. Depois, ele negou ter ameaçado os petistas.

CONVÊNIOS
Os convênios obtidos com o Dnit envolvem a desapropriação de áreas para a construção do anel viário de Maringá, obra contratada diretamente pelo Dnit, e o rebaixamento de uma linha férrea.
A obra de construção do anel viário, que não envolve convênio com o município e é executada pela construtora Sanches Tripoloni desde 2008, é alvo de contestações do TCU (Tribunal de Contas da União), que viu sobrepreço de R$ 10,5 milhões no empreendimento.
Os donos da Tripoloni doaram R$ 510 mil para a campanha de Gleisi. A construtora CR Almeida, responsável pelas obras da linha férrea, contribuiu com R$ 250 mil, além de mais R$ 350 mil para o comitê do PT do Paraná.
O volume de verbas obtido por Maringá chegou a chamar a atenção do ex-presidente Lula. Em evento na cidade no ano passado, ao lado de Bernardo e Gleisi, Lula questionou o prefeito Silvio Barros (PP), em tom irônico.
"Só tem uma coisa que eu vou sair daqui sem explicação, prefeito: é por que o Paulo Bernardo não trata a minha Garanhuns, lá em Pernambuco, com o mesmo amor que ele trata Maringá.
Porque eu fico olhando a quantidade de dinheiro que tem de obras aqui (...), e na minha Garanhuns não foi nem sequer um centavo", brincou o então presidente.

Colaborou RUBENS VALENTE, de Brasília


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