São Paulo, sexta-feira, 27 de agosto de 2010

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SABATINA FOLHA SÉRGIO CABRAL

Cabral diz que não circula em segurança na Rocinha

Rafael Andrade/Folhapress
O governador do Rio, Sérgio Cabral, durante a sabatina

  GOVERNADOR AFIRMA QUE CRÔNICA DO MEDO ACABOU, MAS A "BANDIDAGEM" AINDA TEM ILHAS DE PROSPERIDADE   LULA MERECE CARGO NO COMANDO DA ONU, DEFENDE PEEMEDEBISTA

O governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), defendeu ontem sua política de pacificação de favelas, mas admitiu que anda em segurança na Rocinha, no Complexo do Alemão e em Manguinhos.
"A crônica do pânico e do desespero não ter fim acabou no Rio de Janeiro. Hoje tem política e estratégia. [...] Ainda há ilhas de prosperidade da bandidagem. Cada vez menos", disse Cabral na sabatina realizada pela Folha e pelo UOL no Teatro dos Quatro (zona sul). Ele chorou ao falar da emoção de levar seu filho de oito anos a uma favela pacificada.
Ainda usando muletas, Cabral disse que o presidente Lula "aprofundou a democracia" e defendeu seu nome para a secretaria-geral da ONU.

 


Cabral afirmou não ter motivos para pedir desculpas ao estudante Leandro dos Santos de Paula, 18, autor de um vídeo em que é chamado de "otário" e "sacana" por Cabral. Segundo ele, o adolescente foi usado por políticos.
Cabral respondeu a perguntas da plateia e de Vinicius Mota, secretário de Redação da Folha, Rodrigo Flores, gerente-geral de notícias do UOL, Plínio Fraga, repórter especial e Antônio Gois, repórter da Sucursal do Rio.

Adolescente "otário"
Esse menino aborda vários políticos. Lamento que se faça uso disso. Ele que deve desculpas a mim... Aliás, nenhum dos dois deve desculpas. Ele acabou sendo manipulado. Eu falei [os termos] numa conjuntura. Não falei com um tom agressivo.

Segurança
Os índices criminais estão caindo em todo o Estado. Temos uma política de metas. [...] Hoje temos frota nova. A divisão de homicídios tinha 50 homens, hoje tem 230. A crônica do pânico e do desespero não ter fim acabou no Rio de Janeiro. Hoje tem fim sim, tem política e estratégia.

Rocinha e pacificação
O que aconteceu lá [no tiroteio entre PMs e traficantes da Rocinha, em São Conrado] é o que acontece ainda em diversas comunidades do Grande Rio onde o poder paralelo está estabelecido: quando o chefe do tráfico se move, tem uma rede de proteção. A diferença é que já não acontece onde não há mais chefe do tráfico, poderio bélico e tiroteio. [...]
Não posso circular na Rocinha como posso circular no Chapéu-Mangueira e Babilônia. Quando vou inaugurar obras na Rocinha, tem toda uma estrutura de segurança, assim como no Complexo do Alemão, Manguinhos. Levei meu filho de oito anos no Tabajaras para inaugurar uma quadra. Eu pacifiquei [...] Terminarei meu segundo mandato com todas as comunidades pacificadas. Estamos fragilizando a economia do poder paralelo, da milícia, do tráfico. Ainda há ilhas de prosperidade da bandidagem. Cada vez menos.

"Fábrica de marginais"
Foi fora de contexto a retirada da frase "fábrica de marginais". [...] [A natalidade] É uma questão a ser enfrentada. Temos que ampliar a vasectomia na rede pública, maternidades e planejamento familiar. [...] Nas áreas mais carentes há jovem com dois, três filhos. [...] Há um risco dessa meninada, sem estrutura familiar, acabar indo para o mau caminho.

Ranking de educação
Não houve queda na nota, os outros é que melhoraram. Porque houve de alguma maneira, nos últimos 20 anos investimentos na educação, melhores do que os do Rio. O Estado não dava aumento ao magistério há 12 anos. Hoje o aluno entra na escola e tem laptop com o professor, sistema de som, ar condicionado, laboratório de informática.

Clientes da mulher
Ela não advoga contra o Estado. Os casos em que advogava contra o Estado ela substabeleceu antes da minha posse. [...] Quando eu a conheci ela era advogada desse escritório, quando sair [do governo] vai continuar.

Lula e democracia
O presidente Lula com Cuba tem uma relação muito emotiva. Fiquei muito feliz quando ele rejeitou [o] terceiro mandato. No caso do Irã, ele abriu o país para receber a vítima desse processo. O Brasil, graças ao presidente Lula, aprofundou a democracia. Seria um excepcional secretário-geral da ONU. Ele fala o idioma do mundo.

Dilma e Serra
Ela conquistou essa candidatura pela sua história e pelo seu desempenho no governo Lula. "Ah, ela vai ficar escrava de um grupo de partidos". Conversa fiada. É uma pessoa com personalidade, democrata, que sabe ouvir. O Serra é qualificado. É meu amigo pessoal. É uma pena. Deveria ter continuado como governador de São Paulo.

Garotinho ex-aliado
Em 2002 fui eleito senador. Os candidatos do casal [Garotinho] eram Crivella e Manoel Ferreira, não eu. Ele sai do PSB e vem para o PMDB. Eu não fui atrás. Ele que veio para meu partido e foi embora depois. Em 2006 fui candidato a governador. Ele [Garotinho] jamais apareceu no meu programa e a governadora [Rosinha] apareceu apenas com um testemunho de menos de dois minutos.

Aborto
Sou contra qualquer coisa que você não possa discutir. Não sou favorável ao aborto. A mulher tem que ser o agente central dessa discussão.

Religião
Sou católico. Acredito em Deus. Tenho dois santos da minha preferência: santo Antônio e são Jorge. Mas Nossa Senhora da Aparecida está presente no nosso quarto.


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