São Paulo, quarta-feira, 27 de outubro de 2010

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País tem política atrasada, diz pesquisador

DE LONDRES

Alejandro Salas é diretor para as Américas da Transparência Internacional. Baseado na Alemanha, ele acompanha as políticas dos 28 países do continente que aparecem no Índice de Percepção da Corrupção.
Para Salas, o panorama geral é de estagnação, apesar de algumas melhoras.
Sobre o Brasil, diz que o país ainda mantém políticas atrasadas e pouca transparência. Leia trechos da entrevista concedida à Folha.

Apesar de avanços econômicos, o Brasil não avança no ranking. Por quê?
Os fatores econômicos e a corrupção não estão necessariamente ligados. Mais importante que a economia é a força das instituições. O Brasil e outros países em desenvolvimento, como México e Bolívia, vivem numa espécie de contradição interna.
De um lado, têm uma série de práticas muito modernas na questão econômica. Mas existe um outro mundo paralelo funcionando no Brasil. Um mundo de práticas antigas, com raízes fortes.
Por exemplo, nos governos locais continua a existir a compra de votos, a troca de apoio por emprego.

O que precisa ser feito?
Os governos precisam ser mais transparentes e é necessário ter mais controle nas compras, nos contratos.
Também deve haver mudanças para tornar mais transparente o financiamento das campanhas.
Além disso, o Judiciário e o Legislativo precisam ser fortalecidos. Os cidadãos precisam também mudar. Há uma sensação na América Latina de que corrupção é algo cultural, que não conseguimos erradicá-la. O cidadão não é vítima passiva. Precisa não pagar suborno e denunciar.

Apesar de a Justiça ter tentado barrar, corruptos receberam muitos votos no Brasil.
O voto deveria servir para punir os corruptos e premiar os bons políticos. Mas muitas vezes não é o que acontece. As pessoas votam nesse ou naquele porque isso vai garantir um emprego.

O cenário na América Latina é positivo ou não?
Há uma estagnação. Mas em quatro países houve melhoras significativas. O Chile é um deles.Equador teve melhora, apesar de continuar muito atrás. Jamaica e Haiti também melhoraram.


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