São Paulo, sábado, 27 de novembro de 2010

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Deputado ameaçou fiscal de agência, diz PF

Eduardo Cunha (PMDB-RJ) teria feito ameaça a supervisor da ANP para que "desinterditasse" empresa de amigo

"Alguém pode se dar mal", afirmou, segundo transcrição da polícia; deputado nega e diz que caso já foi arquivado

HUDSON CORRÊA
DO RIO

Documento da Polícia Federal relata que o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ameaçou um superintendente de fiscalização da ANP (Agência Nacional do Petróleo) para favorecer o Grupo Magro, do setor de distribuição de combustíveis no Rio.
Trata-se da transcrição de conversa que, conforme o documento, ocorreu entre Cunha e o então superintendente de Fiscalização da ANP Jefferson Paranhos Santos, no dia 9 de agosto de 2007.
"O sr. Ricardo Magro [do Grupo Magro] é nosso amigo. Eu e o partido devemos muito a ele. Ele está sendo vítima de perseguição e arbitrariedade", disse Cunha, conforme o documento. "Em sua defesa vamos até a morte."
Em 2007, uma das empresas do Grupo Magro tinha sido interditada. "Você está complicando as coisas. Basta desinterditar a empresa. [...] As coisas no Rio se resolvem de outra maneira, alguém pode se dar mal", continuou.
Também consta dos papéis que o delegado federal Cláudio Nogueira deu proteção a Santos devido às ameaças. Por conta disso, foi interpelado na Justiça por Cunha.
No domingo, "O Globo" revelou que Magro é o principal alvo de inquérito que apura o envolvimento de um parlamentar do Rio em fraude no setor de combustíveis.

LIDERANÇA DO PMDB
O local da conversa foi o gabinete da Liderança do PMDB na Câmara. A reunião foi marcada, segundo o documento, pelo líder do PMDB Henrique Alves (PMDB-RN).
À Folha Alves disse na quinta-feira que procurou Santos a pedido da bancada do PMDB do Rio, que reclamava de supostos abusos na fiscalização da ANP. Cunha nega ter feito a solicitação.
Ontem Alves reviu sua versão. Disse que Santos apareceu por conta própria no PMDB em busca de indicação para cargo na ANP.
O relato de supostas ameaças chegou primeiro ao então ministro da Justiça, Tarso Genro, e depois, à Procuradoria da República pela PF.
Em setembro, o procurador-geral, Roberto Gurgel, disse que Santos recebeu ameaça de "supostos sequestro de familiares". Gurgel, porém, arquivou o caso porque Santos não ajuizou ação.
Santos foi interpelado por Cunha na Justiça para que "nomeasse os arapongas", segundo a defesa. Santos alegou constrangimento.


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