São Paulo, quinta-feira, 28 de abril de 2011

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Medidas do Banco Central já tornam crédito mais caro

Ritmo de novas concessões de empréstimo caiu, mas especialistas dizem que efeito sobre a inflação é limitado

Em março, taxa média anual em empréstimos para famílias chegou a 45%, o maior patamar desde junho de 2009

LORENNA RODRIGUES
DE BRASÍLIA

Os esforços do governo para segurar a expansão do crédito e a inflação já estão se traduzindo em taxas de juros mais altas, principalmente para consumidores. É o que mostraram dados divulgados pelo Banco Central.
Em março, a taxa média cobrada ao ano em financiamentos para famílias chegou a 45% -maior patamar desde junho de 2009. Se considerados também empréstimos a empresas, a taxa média vai para 39%.
Em linhas mais caras, como o cheque especial, a alta foi maior. Foram 7,2 pontos percentuais de aumento em março, o que elevou os juros da modalidade a 174,6% ao ano para consumidores, maior valor desde 2008.
Os números refletem medidas anunciadas pelo governo em dezembro, quando os bancos passaram a depositar uma fatia maior de todos os recursos captados em uma conta do BC.
Com menos dinheiro para empréstimos, o crédito ficou mais caro. De lá para cá, o BC também elevou a taxa básica de juros e restringiu o prazo de financiamentos, especialmente para automóveis.
Mas os dados ainda não refletem as ações mais recentes, como o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) em empréstimos à pessoa física, para 6,38%.
Espera-se que os efeitos sejam sentidos em abril. Dados parciais do BC mostram que, até o dia 12, os juros nos empréstimos a consumidores já eram de 47,1%.
Com o custo mais caro, o ritmo nas novas concessões de empréstimos recua. Em abril já houve redução de 5,4% em empréstimos a consumidores e de 8% a empresas, ante março.
Ao limitar o dinheiro em circulação na economia, o governo tenta frear a inflação. Se considerados os novos empréstimos, na média diária, o crescimento no ritmo de concessões para consumidores foi de 1,7% ante fevereiro, diz o economista Adriano Lopes, do Itaú.
A medição, que desconta a inflação do período e variações típicas mensais, mostra queda de 7,4% na ante novembro de 2010, antes do início das medidas.
"O crescimento mais moderado do crédito está em linha com a política monetária mais restritiva que visa ao combate à inflação", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel.
Para o economista da LCA Douglas Uemura, o aumento menor do crédito tem efeito limitado na inflação já que não afeta diretamente preços de serviços e commodities.
Em relatórios divulgados ontem, LCA, Bradesco e o Bank of America Merrill Lynch dizem esperar o anúncio de novas medidas de combate à inflação.


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