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Medidas do Banco Central já tornam crédito mais caro
Ritmo de novas concessões de empréstimo caiu, mas especialistas dizem que efeito sobre a inflação é limitado
Em março, taxa média anual em empréstimos para famílias chegou a 45%, o maior patamar desde junho de 2009
LORENNA RODRIGUES
DE BRASÍLIA
Os esforços do governo para segurar a expansão do crédito e a inflação já estão se
traduzindo em taxas de juros
mais altas, principalmente
para consumidores. É o que
mostraram dados divulgados pelo Banco Central.
Em março, a taxa média
cobrada ao ano em financiamentos para famílias chegou
a 45% -maior patamar desde junho de 2009. Se considerados também empréstimos a empresas, a taxa média vai para 39%.
Em linhas mais caras, como o cheque especial, a alta
foi maior. Foram 7,2 pontos
percentuais de aumento em
março, o que elevou os juros
da modalidade a 174,6% ao
ano para consumidores,
maior valor desde 2008.
Os números refletem medidas anunciadas pelo governo em dezembro, quando
os bancos passaram a depositar uma fatia maior de todos os recursos captados em
uma conta do BC.
Com menos dinheiro para
empréstimos, o crédito ficou
mais caro. De lá para cá, o BC
também elevou a taxa básica
de juros e restringiu o prazo
de financiamentos, especialmente para automóveis.
Mas os dados ainda não refletem as ações mais recentes, como o aumento do IOF
(Imposto sobre Operações Financeiras) em empréstimos à
pessoa física, para 6,38%.
Espera-se que os efeitos sejam sentidos em abril. Dados
parciais do BC mostram que,
até o dia 12, os juros nos empréstimos a consumidores já
eram de 47,1%.
Com o custo mais caro, o
ritmo nas novas concessões
de empréstimos recua. Em
abril já houve redução de
5,4% em empréstimos a consumidores e de 8% a empresas, ante março.
Ao limitar o dinheiro em
circulação na economia, o
governo tenta frear a inflação. Se considerados os novos empréstimos, na média
diária, o crescimento no ritmo de concessões para consumidores foi de 1,7% ante
fevereiro, diz o economista
Adriano Lopes, do Itaú.
A medição, que desconta a
inflação do período e variações típicas mensais, mostra
queda de 7,4% na ante novembro de 2010, antes do início das medidas.
"O crescimento mais moderado do crédito está em linha com a política monetária
mais restritiva que visa ao
combate à inflação", disse o
chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel.
Para o economista da LCA
Douglas Uemura, o aumento
menor do crédito tem efeito
limitado na inflação já que
não afeta diretamente preços
de serviços e commodities.
Em relatórios divulgados
ontem, LCA, Bradesco e o
Bank of America Merrill
Lynch dizem esperar o anúncio de novas medidas de
combate à inflação.
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