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OS NEGÓCIOS DO MINISTRO
Dilma segue conselho de Lula e investe em agenda positiva
Objetivo do Palácio do Planalto é recuperar fôlego e tirar o foco da crise que envolve Palocci
Roteiro inclui visita ao Uruguai, reunião com governadores sobre a Copa e encontro com
os senadores do PMDB
NATUZA NERY
MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA
O Palácio do Planalto
aposta em uma agenda positiva na semana que vem para
voltar à superfície e conseguir recuperar fôlego diante
da primeira crise enfrentada
pelo governo.
A presidente Dilma Rousseff aprofundará o receituário prescrito pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: dialogar mais com a base
aliada e fazer aparições públicas. O objetivo é mostrar
normalidade e tocar agendas
fora de Brasília.
Conta-se, também, com a
sorte: o governo torce para
que não haja fatos novos envolvendo o ministro-chefe da
Casa Civil, Antonio Palocci,
pivô da atual turbulência política. A Folha mostrou que o
ministro multiplicou por 20
seu patrimônio nos últimos
quatro anos.
Na segunda-feira, Dilma
fará visita de um dia ao Uruguai. Na terça, reúne governadores para uma ampla
reunião sobre a infraestrutura da Copa-2014. Na quarta-feira, a presidente recebe senadores do PMDB no Palácio
da Alvorada.
APOSTA
A maior aposta da agenda
positiva, porém, será o lançamento do programa Brasil
sem Miséria, vitrine de Dilma
na área social no combate à
pobreza extrema.
Interlocutores da presidente admitem não haver nenhuma estratégia montada
para resolver o desgaste envolvendo Palocci.
Na semana passada, ninguém cogitava uma eventual
saída do ministro; nesta, já
há pessoas considerando essa possibilidade. A hipótese,
no entanto, apesar de estar
no radar da Presidência da
República, ainda é tratada
como "rumor".
O ex-presidente Lula, em
sua passagem de dois dias
por Brasília, chegou a comentar que a queda de Antonio Palocci seria muito ruim
para o governo.
Em 2006, o mesmo tipo de
avaliação fez com que ele
mantivesse Palocci por meses à frente do Ministério da
Fazenda. Considerado hoje
essencial na articulação política de Dilma, o ministro era
igualmente visto como peça
vital para a estabilidade macroeconômica da administração Lula.
VISITA
Na sexta-feira, Dilma
Rousseff volta a viajar. Irá ao
Rio de Janeiro para inaugurar a plataforma P-56 da Petrobras. Em seguida, cumpre
agenda ao lado do governador Sérgio Cabral (PMDB).
Ele pretende aproveitar a visita para lançar a versão estadual do Brasil sem Miséria,
evento ainda não confirmado oficialmente.
A ideia é retomar a imagem de gerente do governo
conquistada nos primeiros
meses de mandato. A crise,
tendo Palocci em seu epicentro, acabou arranhando essa
percepção. Outra recomendação dada pelo antecessor é
a de que Dilma se aproxime
mais de sua base.
"A interlocução talvez não
esteja sendo feita de uma forma adequada", reconheceu
o deputado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ).
Presidente do PMDB, o senador Valdir Raupp (RO) diz
que ao menos 8 dos 20 senadores já apresentaram queixas e cobram mais atenção
do Executivo. "Eu já tinha falado que a presidente iria
precisar fazer um pouco mais
de política.Mas ainda está
em tempo essa aproximação
[com a base]", ponderou
Raupp.
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