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Promotoria vê atuação de empresário em desvio
Amigo de Lula não seria só um intermediário entre empresa e Prefeitura de Campinas
SILVIO NAVARRO
ROGÉRIO PAGNAN
ENVIADOS ESPECIAIS A CAMPINAS
MARÍLIA ROCHA
DE CAMPINAS
Documento do Ministério
Público Estadual que integra
relatório sobre o suposto desvio de verbas da Prefeitura de
Campinas (93 km de SP)
aponta que o empresário José
Carlos Bumlai teria "ascendência" sobre o esquema.
Segundo a Folha apurou,
os promotores que cuidam
do caso iniciaram uma investigação paralela para descobrir se o amigo do ex-presidente Lula teria um papel
muito além de um simples intermediário entre a Constran
e a máquina pública.
"[Bumlai] teria participação ainda mais direta no esquema de corrupção, inclusive com possível ascendência
sobre Rosely [Nassim, primeira-dama]", diz trecho do
relatório da Promotoria.
Os promotores chegaram a
pedir a prisão do empresário
na semana passada, mas o
juiz Nelson Augusto Bernardes pediu mais informações,
que não foram apresentadas.
O empresário foi ouvido na
tarde de ontem em Campinas
pelo grupo de promotores do
Gaeco, que investiga organizações criminosas.
Um dos advogados que
acompanhavam Bumlai, Mário Sérgio Duarte Garcia negou qualquer ligação do empresário com o esquema. Repudiou qualquer interesse
do empresário na delação
premiada para se proteger ou
proteger outra pessoa.
Nas interceptações telefônicas feitas com autorização
da Justiça, o ex-presidente da
Sanasa (empresa mista de
abastecimento de água da cidade) Luís Augusto Castrillon de Aquino diz a um interlocutor que Bumlai queria fazer um acordo com a Promotoria para proteger Lula.
Os promotores dizem no
documento acreditar ser o
ex-presidente, dada a amizade entre ambos. Não é explicado, porém, por que o empresário poderia protegê-lo.
"É um absurdo. Não sei
por que isso saiu na imprensa", disse o advogado ontem.
Também foi Aquino que,
em delação premiada, disse
que Bumlai era o principal
contato dos agentes públicos
de Campinas com a Constran, uma das empresas
apontadas como integrantes
de um esquema criado para
desviar verba pública.
SOLTO
O vice-prefeito de Campinas, Demétrio Vilagra (PT),
foi solto na tarde de ontem
após passar a noite preso.
Ele é uma das 20 pessoas
que tiveram a prisão temporária decretada na sexta-feira
da semana passada. Todos
os 13 que foram presos já estão em liberdade.
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