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Aumento súbito de investimento no país é "suspeito", diz FMI
Para o economista-chefe do fundo, governo deveria taxar esse tipo de fluxo de capital
PATRÍCIA CAMPOS MELLO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
O economista-chefe do
Fundo Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard,
afirmou ontem que o aumento súbito do investimento estrangeiro direto no Brasil é
"suspeito" e que o governo
deveria taxar esse tipo de fluxo de capital.
"Os números de investimento estrangeiro no Brasil
são bastante suspeitos. O investimento começa a subir
muito justamente quando ele
fica de fora do imposto (IOF).
Talvez esse dinheiro não seja
mesmo investimento", disse
Blanchard ontem, após seminário sobre fluxos de capital.
O governo elevou a cobrança de IOF sobre fluxos
de capital de curto prazo para desestimular a entrada
dessas aplicações, que têm
levado à valorização do real.
A suspeita é que alguns investidores estão fazendo investimentos diretos de longo
prazo para driblar o IOF.
No acumulado do ano, de
janeiro a abril, a entrada líquida de investimento estrangeiro direto no Brasil foi
de US$ 22,985 bilhões -o valor é quase três vezes maior
que o fluxo que ingressou no
país no mesmo período do
ano passado.
Para Blanchard, o próximo passo do governo deveria
ser aumentar o alcance das
medidas "e começar a taxar o
investimento direto".
O economista deixou claro
que o FMI vê com bons olhos
o uso de taxação para desestimular a entrada excessiva
de capitais estrangeiros, que
podem causar sobrevalorização da moeda e perda de
competitividade da indústria. Mas afirmou que, provavelmente, o Brasil e outros
países "não estão usando esses instrumentos da forma
mais eficiente".
"Se estiverem dispostos a
adotar uma ampla gama de
controles de capital, aí sim
funciona", avaliou.
MUDANÇA
A posição é uma mudança
e tanto para o fundo, que até
pouco tempo condenava o
uso de instrumentos que restringissem a entrada ou saída
de capitais estrangeiros.
No ano passado, o FMI
passou a "aceitar" o uso instrumentos de controle, desde
que antes fossem esgotadas
todas as outras opções, como
medidas de política fiscal e
macroeconômica.
"Nós mudamos nossa posição. Não necessariamente
o controle de capital tem de
ser só o último recurso -às
vezes é preciso adotá-lo como primeira linha de defesa", disse Blanchard.
Colaborou PEDRO SOARES, do Rio
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