São Paulo, sábado, 28 de maio de 2011

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Aumento súbito de investimento no país é "suspeito", diz FMI

Para o economista-chefe do fundo, governo deveria taxar esse tipo de fluxo de capital

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

O economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard, afirmou ontem que o aumento súbito do investimento estrangeiro direto no Brasil é "suspeito" e que o governo deveria taxar esse tipo de fluxo de capital.
"Os números de investimento estrangeiro no Brasil são bastante suspeitos. O investimento começa a subir muito justamente quando ele fica de fora do imposto (IOF).
Talvez esse dinheiro não seja mesmo investimento", disse Blanchard ontem, após seminário sobre fluxos de capital.
O governo elevou a cobrança de IOF sobre fluxos de capital de curto prazo para desestimular a entrada dessas aplicações, que têm levado à valorização do real.
A suspeita é que alguns investidores estão fazendo investimentos diretos de longo prazo para driblar o IOF.
No acumulado do ano, de janeiro a abril, a entrada líquida de investimento estrangeiro direto no Brasil foi de US$ 22,985 bilhões -o valor é quase três vezes maior que o fluxo que ingressou no país no mesmo período do ano passado.
Para Blanchard, o próximo passo do governo deveria ser aumentar o alcance das medidas "e começar a taxar o investimento direto".
O economista deixou claro que o FMI vê com bons olhos o uso de taxação para desestimular a entrada excessiva de capitais estrangeiros, que podem causar sobrevalorização da moeda e perda de competitividade da indústria. Mas afirmou que, provavelmente, o Brasil e outros países "não estão usando esses instrumentos da forma mais eficiente".
"Se estiverem dispostos a adotar uma ampla gama de controles de capital, aí sim funciona", avaliou.

MUDANÇA
A posição é uma mudança e tanto para o fundo, que até pouco tempo condenava o uso de instrumentos que restringissem a entrada ou saída de capitais estrangeiros.
No ano passado, o FMI passou a "aceitar" o uso instrumentos de controle, desde que antes fossem esgotadas todas as outras opções, como medidas de política fiscal e macroeconômica.
"Nós mudamos nossa posição. Não necessariamente o controle de capital tem de ser só o último recurso -às vezes é preciso adotá-lo como primeira linha de defesa", disse Blanchard.


Colaborou PEDRO SOARES, do Rio


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