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Mantega diz que pode zerar imposto patronal
Desoneração será tratada em medida provisória, mas governo cogita tributar faturamento
GITÂNIO FORTES
MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO
O ministro da Fazenda,
Guido Mantega, afirmou que
o governo decidiu editar medida provisória sobre a desoneração da folha de pagamento. É possível até zerar a
contribuição patronal para a
Previdência sobre os salários, atualmente de 20%. Isso
deve ocorrer de forma gradual, em até três anos, disse.
Segundo Mantega, que
participou de evento da Câmara de Comércio França-Brasil ontem, a medida dá
competitividade à indústria.
Dependendo do caso, a redução desse custo trabalhista incentiva a formalização
de mão de obra ou a contratação de mais empregados com
carteira assinada, ressaltou.
Para compensar a perda
de arrecadação, estimada em
R$ 95 bilhões por ano, estuda-se a criação de um imposto sobre o faturamento das
empresas. "O governo não
tem como absorver o custo
dessa operação", disse Mantega, sem detalhar como o
tributo será cobrado.
Duas semanas antes, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, discutiu em reunião
com centrais a criação de
uma alíquota de contribuição previdenciária sobre faturamento de empresas, que
pode variar segundo o setor.
O ministro afirmou que a
"reforma tributária possível
em 2011" seria complementada pela mudança no Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, por meio
de uma resolução do Senado,
assim que houver consenso
entre Estados.
IMPASSE
A desoneração da folha
enfrenta impasse entre sindicalistas e empresários. O tema foi debatido pela Federação das Indústrias de São
Paulo (Fiesp), pela Força Sindical e a CUT, em acordo
acertado na última semana.
Mas o texto final do pacto
deixa de fora a questão.
Empresários defendem o
corte dos 20% do INSS em
dois anos para a indústria.
Mas dirigentes da Força
Sindical indicam que o pleito
só irá adiante se houver compensações claras dos empresários no que diz respeito ao
incremento de empregos.
Já a CUT é simpática à criação da contribuição sobre o
faturamento das empresas.
Nos bastidores, sindicalistas pensam que a desoneração é uma reivindicação dos
empresários e há dúvidas se
será revertida em contratações ou aumentos salariais.
Eles dizem que a Fiesp tenta pressionar sobre o tema e
garantir seus interesses na
reforma tributária.
"Queremos que haja uma
compensação da questão do
câmbio, não adianta tirar de
um lado e colocar do outro",
afirmou o presidente da
Fiesp, Paulo Skaf, na última
quinta-feira, sobre a ideia da
nova tributação.
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