|
Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros
Turismo reedita antigos casos de desvio
Esquema apontado pela PF tem enredo parecido com o de "Anões do Orçamento" e "Máfia dos Sanguessugas'
Suspeitas de corrupção já haviam levado pasta a estabelecer barreiras à liberação de verbas para emendas de deputados
DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA
Se comprovado, o esquema apontado pela Polícia Federal na Operação Voucher
reedita uma das mais duradouras formas de corrupção
do país: o desvio de recursos
de emendas parlamentares
ao Orçamento da União.
Na operação, a PF apontou
que empresários, diretores
de ONGs e funcionários do
Ministério do Turismo são
suspeitos de desviar quase
dois terços de um convênio
para treinamento de pessoal
de R$ 4 milhões vindos de
emenda da deputada federal
Fátima Pelaes (PMDB-AP).
O enredo é parecido com o
de 1993, quando estourou o
escândalo dos "Anões do Orçamento". À época, as entidades beneficiadas eram filantrópicas, e as empresas
eram construtoras que pagavam propina em troca de
mais recursos para projetos.
Em 2006, o esquema voltou a aparecer, dessa vez fazendo uso de verba do Ministério da Saúde. A Operação
Sanguessuga acusou dezenas de parlamentares de
apresentar emendas para a
compra de ambulâncias em
troca de propina.
O escândalo marcou uma
virada para o novato Ministério do Turismo. Criado em
2003 sem orçamento, ele sofria com falta de recursos.
Seu titular no primeiro governo Lula, o ex-deputado federal Walfrido dos Mares
Guia (PTB), passou a incentivar parlamentares a fazer
emendas para a pasta. Em
três anos, os pedidos de recursos passaram de R$ 2,5 bilhões para R$ 4 bilhões.
Em 2007, a senadora Marta
Suplicy (PT-SP) assumiu o
ministério. Os recursos para
eventos chegaram a R$ 257
milhões em 2008.
As suspeitas de desvios fizeram com que o Turismo começasse a impor barreiras à
liberação de verbas. No ano
passado, o governo decidiu
não liberar mais dinheiro para festas por meio de ONGs.
Na proposta orçamentária de
2011, parlamentares fizeram,
porém, emendas para capacitação de profissionais.
O programa, de onde saíram os recursos supostamente desviados segundo a Operação Voucher, não tinha recursos de emendas individuais até 2007. Em 2011, eles
chegaram a R$ 46 milhões.
Texto Anterior: Máfia do Lixo: Ex-secretário de Palocci em Ribeirão se muda para Itália Índice | Comunicar Erros
|