São Paulo, domingo, 28 de agosto de 2011

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Turismo reedita antigos casos de desvio

Esquema apontado pela PF tem enredo parecido com o de "Anões do Orçamento" e "Máfia dos Sanguessugas'

Suspeitas de corrupção já haviam levado pasta a estabelecer barreiras à liberação de verbas para emendas de deputados

DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA

Se comprovado, o esquema apontado pela Polícia Federal na Operação Voucher reedita uma das mais duradouras formas de corrupção do país: o desvio de recursos de emendas parlamentares ao Orçamento da União.
Na operação, a PF apontou que empresários, diretores de ONGs e funcionários do Ministério do Turismo são suspeitos de desviar quase dois terços de um convênio para treinamento de pessoal de R$ 4 milhões vindos de emenda da deputada federal Fátima Pelaes (PMDB-AP).
O enredo é parecido com o de 1993, quando estourou o escândalo dos "Anões do Orçamento". À época, as entidades beneficiadas eram filantrópicas, e as empresas eram construtoras que pagavam propina em troca de mais recursos para projetos.
Em 2006, o esquema voltou a aparecer, dessa vez fazendo uso de verba do Ministério da Saúde. A Operação Sanguessuga acusou dezenas de parlamentares de apresentar emendas para a compra de ambulâncias em troca de propina.
O escândalo marcou uma virada para o novato Ministério do Turismo. Criado em 2003 sem orçamento, ele sofria com falta de recursos.
Seu titular no primeiro governo Lula, o ex-deputado federal Walfrido dos Mares Guia (PTB), passou a incentivar parlamentares a fazer emendas para a pasta. Em três anos, os pedidos de recursos passaram de R$ 2,5 bilhões para R$ 4 bilhões.
Em 2007, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) assumiu o ministério. Os recursos para eventos chegaram a R$ 257 milhões em 2008.
As suspeitas de desvios fizeram com que o Turismo começasse a impor barreiras à liberação de verbas. No ano passado, o governo decidiu não liberar mais dinheiro para festas por meio de ONGs. Na proposta orçamentária de 2011, parlamentares fizeram, porém, emendas para capacitação de profissionais.
O programa, de onde saíram os recursos supostamente desviados segundo a Operação Voucher, não tinha recursos de emendas individuais até 2007. Em 2011, eles chegaram a R$ 46 milhões.


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