São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2010

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Maia diz que quer evitar "kit-chavista" do PT

Candidato ao Senado, ex-prefeito do Rio afirma que teme mudanças constitucionais

ITALO NOGUEIRA
PLÍNIO FRAGA

DO RIO

Candidato ao Senado pelo DEM-RJ, o economista Cesar Maia, 65, diz que disputa a eleição para impedir que o PT assegure dois terços das cadeiras da Casa, quorum que permitiria realizar mudanças constitucionais -pacote que ele batiza de "kit chavista".
Aliado do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, Maia é crítico do rumo tomado pela campanha tucana. "Serra tinha de ter assumido, desde lá de trás, o discurso de mudança", diz ele, terceiro lugar nas pesquisas, com 26% das intenções de voto, atrás de dois governistas -Marcelo Crivella (PRB) e Lindberg Farias (PT).

 

Folha - Como fazer uma campanha de oposição com um presidente tão bem avaliado?
Cesar Maia -
Existe uma voracidade do PT e do presidente Lula de ter maioria constitucional, especialmente no Senado. Porque sabem que, com a plasticidade da Câmara dos Deputados, aprovam-se ali mudanças constitucionais tendo habilidade, liturgia, ouvindo deputados.
O presidente Lula deu uma declaração um mês atrás: para o presidente, um senador vale três governadores.
O problema dele e do PT não é ter maioria. Isso eles têm e terão. O problema é ter maioria constitucional. Eleger 50 senadores, sendo 17 ou 18 do PT e mais uns 30 que eles possam levar na mala do PT para fazer mudanças constitucionais.

O seu discurso seria de alerta ao que pode ocorrer com a manutenção do PT no poder?
Mais grave. É o kit chavista: uma maioria parlamentar eventual, muda a Constituição e muda o regime para um autoritário. Na hora em que o presidente do PT diz: "Não estou pedindo a intervenção na imprensa. Quero o controle externo da imprensa", é exatamente a mesma coisa. Os regimes autoritários começam com essa alegação.

Faltou discurso de oposição ao Serra?
Oposição democrática, fiscalizadora. O PSDB fez no Senado, mas não na Câmara.

Mas o Serra não fez?
Certamente não. Qual era o presidente mais popular da América Latina em dezembro de 2009? [A presidente do Chile, Michelle] Bachelet. Qual foi o discurso do [atual presidente Sebastián] Piñera? Mudança. Serra tinha de ter assumido desde lá de trás o discurso de mudança. Continuidade quem tinha de tocar são eles.
[...] Mas colocar o Lula como estadista no segundo programa da TV? Como é que corrige isso depois? A campanha passou a ser de oposição a partir da metade dela.

Eleito, Aécio Neves seria o agregador das oposições?
Considero uma necessidade que ele nos lidere.

O sr. se arrepende do projeto da Cidade da Música, apontado como marca de desperdício na sua última gestão?
De jeito nenhum. O conceito era de centralidade em esportes e artes, com equipamentos de nível internacional. A música é uma espécie de identidade do carioca. Mas a música - não popular- não tem plateia. [...]
A Cidade da Música vai custar R$ 480 milhões. A reforma do Maracanã para a Copa custará R$ 705 milhões e ninguém acha ruim. Se a prefeitura não tem como estratégia assumir o equipamento, deveria passar para o Ministério da Cultura.


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