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Usina avalizada por Dilma no RS deu prejuízo
Idealizada em 2000 pela hoje candidata petista e por Valter Cardeal, a Termogaúcha nunca saiu do papel
Turbinas compradas por US$ 100 mi foram vendidas 6 anos depois por menos da metade do preço, US$ 43,1 mi
SILVIO NAVARRO
DE SÃO PAULO
RANIER BRAGON
DE BRASÍLIA
À frente da Secretaria de
Minas e Energia do Rio Grande do Sul, Dilma Rousseff
(PT) e seu braço direito no setor elétrico, Valter Cardeal,
hoje diretor da Eletrobras,
participaram da criação de
usina a gás que nunca saiu
do papel e gerou prejuízo para a CEEE (Companhia Estadual de Energia Elétrica).
Batizada de Termogaúcha,
a usina idealizada em 2000
foi liquidada seis anos depois
pelos acionistas -CEEE, Petrobras, Ipiranga e Repsol-,
sem funcionar.
Os sócios movem processo
contra a CEEE pelos prejuízos
causados e por dívidas.
A Termogaúcha foi incluída no programa do governo
FHC para construir termelétricas. A intenção era utilizar
gás argentino, o que não se
viabilizou em seguida.
Dilma e Cardeal culpam a
crise energética argentina
pelos problemas.
Documentos obtidos pela
Folha mostram que Dilma
avalizou a compra de turbinas a gás e a vapor da empresa GE (General Eletric), por
US$ 100,3 milhões. Na época, ela ocupava o cargo de
presidente do Conselho de
Administração da CEEE.
Em 2006, as turbinas foram vendidas por menos da
metade do preço pago: US$
43,1 milhões. Na época, Dilma presidia o Conselho de
Administração da Petrobras,
uma das sócias, que tentou
comprar as turbinas. Cardeal
foi para a Eletrobras.
Os sócios ainda gastaram
para estocar as turbinas no
exterior no período.
A principal crítica ao projeto é que a gestão se precipitou por não ter garantias.
"Foi feito sem ter a venda
da energia, o que é uma tradição no setor elétrico. A gente
só começa um empreendimento quando essa energia
está vendida, o que dá contratualmente segurança",
afirmou o atual presidente da
CEEE, Sérgio Camps. "A
CEEE vai sair com prejuízo de
pelo menos R$ 60 milhões
[investimento e dívidas] nessa participação frustrada."
Hoje, o governo gaúcho é
do PSDB. Na época, era administrado pelo PT.
Auditorias e analistas estimam que a dívida da CEEE
seja de R$ 35 milhões.
Atas das reuniões da CEEE
que a Folha teve acesso mostram que Dilma deixou o projeto nas mãos de Valter Cardeal, então diretor da CEEE.
A rapidez no processo chamou a atenção da Eletrobras.
Numa das reuniões do
conselho da CEEE, o próprio
Cardeal informa a advertência feita pela Eletrobras para
que "nos próximos empreendimentos" a documentação
relativa à constituição da empresa deverá ser submetida
previamente e em tempo hábil para análise".
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