São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2010

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Esforço na reta final por Dilma esvazia governo

Integrantes do Executivo desidrataram postos-chave da administração

Ofensiva liderada por Lula inclui respostas de ministérios a falas de Serra; Planalto diz que tucano critica governo

RANIER BRAGON
NATUZA NERY

DE BRASÍLIA

A ofensiva liderada pelo presidente Lula para eleger Dilma Rousseff (PT) sua sucessora no próximo domingo tem ido muito além de seu envolvimento pessoal.
Integrantes do governo mergulharam na campanha da petista, às claras ou nos bastidores, desidratando postos-chave da administração federal e embaralhando, nesta reta final da disputa, os limites entre o que é assunto de governo e ação eleitoral.
A três dias da eleição, Lula coloca, mais uma vez, seu "bilhete premiado" nas mãos da candidata. Um evento previsto para o fim do ano foi antecipado para hoje.
A solenidade- instalação de sistema definitivo para exploração do pré-sal em Tupi- é mais um passo para explorar petróleo no fundo do mar em grande escala, mas não altera, no curto prazo, o atual ritmo de produção.
O presidente já havia retirado o primeiro óleo dessa região, em maio de 2009, e os barris produzidos desde então também já são destinados à venda. Ou seja, Lula irá sujar as mãos no mesmo óleo que tocou no ano passado.

EMPENHO
Não é pequena a lista de exemplos que ilustram a simbiose governo-campanha.
Ministros ou tiraram férias dos cargos ou conciliam o trabalho no Executivo com a busca de voto, não raro em horário de expediente.
Ontem, quando Dilma lançava suas propostas para a área social em Brasília, 12 ministros foram ao ato, entre licenciados e os que não se afastaram de suas pastas.
Duas das principais funções do Executivo, a articulação política e a gerência dos programas de governo, estão hoje nas mãos de "reservas", amplificando o sinal de governo parado. Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, tirou férias. Ele é um dos principais operadores de Dilma.
A Casa Civil passou a ser comandada pelo secretário-executivo, Carlos Lima, desde que Erenice Guerra saiu, alvejada por escândalos.
Na parte operacional, uma rápida olhada na lista dos "carregadores de bolsa" de Dilma mostra que vários deles deixaram seus DAS's para atuar na eleição.
Nos 24 dias desde o início do segundo turno, Lula passou 12 dividindo suas funções com a de cabo eleitoral.
Viajou o Brasil e pediu votos, inclusive durante o expediente (quando também gravou participações no horário eleitoral). Sua assessoria afirma que ele não possui horário de expediente fixo e que, apesar da corrida eleitoral, procurou participar de atos nos fins de semana, à noite ou em horário de almoço.
Por ordem dele próprio, ministérios passaram a divulgar notas à imprensa para rebater críticas feitas por José Serra (PSDB) ao governo.
Nos últimos dias, pelo menos três pastas -Justiça, Educação e Direitos Humanos- obedeceram ao comando. A assessoria do Planalto diz que a orientação se baseia na interpretação de que as críticas são contra o governo, e não contra Dilma.


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