São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 2011

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Assembleia de SP encerra caso das emendas

Conselho de Ética deixa investigação para o Ministério Público sem ouvir deputados e testemunhas envolvidos

Operação para liquidar apuração foi articulada por aliado do deputado que acusa os colegas de negociar indicações

RODRIGO VIZEU
DE SÃO PAULO

A Assembleia Legislativa de São Paulo enterrou ontem as investigações do suposto esquema de venda de emendas denunciado pelo deputado Roque Barbiere (PTB).
O Conselho de Ética deixou a apuração a cargo apenas do Ministério Público Estadual. Foram cinco votos pelo fim do caso, todos de deputados da base aliada do governo estadual, contra dois do PT.
A Assembleia abriu mão de investigar mesmo sob protestos de movimentos sociais e após o pivô do escândalo enfim citar um nome -o deputado Dilmo dos Santos (PV).
Em discurso na quarta-feira, Barbiere disse que entregará à Promotoria deputados envolvidos, mas adiantou suspeitas sobre Dilmo.
"Esse já assumo- o membro do Conselho de Ética José Dilmo [sic] mandou para a minha região sete emendas para fazer barracões."
Barbiere ressaltou que as indicações foram de R$ 150 mil, teto em que ocorre forma mais simples de licitação, na qual se convida pelo menos três empresas.
O petebista citou reportagens da Folha sobre indicação de Dilmo para Lourdes (SP). Autoridades envolvidas com a obra, licitada pela prefeitura, não souberam definir sua utilidade. Barbiere disse que isso mostra que a verba "foi oferecida por alguém".
"Estou pasmo. Não tem nada que possa me comprometer", defendeu-se Dilmo.
Apesar das declarações, o Conselho de Ética não ouviu Dilmo. Os deputados também ignoraram outras frentes de investigação (veja quadro).
Entre o pouco ocorrido no conselho estão depoimentos escritos de Barbiere, que não deu nomes, e do secretário de Meio Ambiente, Bruno Covas (PSDB), que relatou uma oferta de propina, mas depois disse que falava em hipótese.
A operação para encerrar o caso foi chefiada pelo líder do PTB, Campos Machado, aliado de Barbiere. Seus interlocutores disseram que ele atuou para controlar a verborragia do amigo e evitar que o caso atingisse o governo, que libera as emendas.
"Propus remeter o que tem para o Ministério Público. Se não tem nada, é outro problema", disse Campos, que defende que só a Promotoria tem meios para investigar.
O conselho se reunirá de novo para votar parecer que vai para a Promotoria. Defensores do envio alegam que o caso pode retornar ao conselho se algo for encontrado.
O petista João Rillo chamou a decisão de "pizza". "Peço que não se esqueça orégano e azeite português." O PT tem 30 apoios para uma CPI, entre eles o de Barbiere. Faltam duas assinaturas.
O promotor Carlos Cardoso quer ouvir na próxima semana Barbiere e Major Olímpio (PDT), que revelou uma testemunha do esquema.

Colaborou FLÁVIO FERREIRA, de São Paulo



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