São Paulo, terça-feira, 28 de dezembro de 2010

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WIKILEAKS
PAPÉIS BRASILEIROS


Ex-guerrilheiro recebeu visto dos EUA por engano

Venceslau sequestrou embaixador em 1969

BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

Interpretada como sinal de abertura na política externa de Barack Obama, a concessão de visto ao ex-guerrilheiro Paulo de Tarso Venceslau foi, na verdade, um deslize da diplomacia americana.
Ele integrou o grupo que sequestrou o embaixador Charles Burke Elbrick, em 1969, para forçar a ditadura a libertar presos políticos. Os outros participantes da ação, como o ministro Franklin Martins (Comunicação Social) e o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), até hoje não podem pisar nos EUA.
Telegrama obtido pelo WikiLeaks (www.wikileaks.ch) revela que o consulado em São Paulo concedeu o visto sem perceber de quem se tratava. Depois de o caso vir a público, a embaixada em Brasília recomendou a Washington mantê-lo, para evitar uma possível crise com o Itamaraty.
O caso foi relatado em 14 de outubro de 2009 pela conselheira Lisa Kubiske. Ela disse que o visto poderia lançar dúvidas sobre a política dos EUA contra o terrorismo.
No entanto, ponderou que um recuo "levaria a reação forte e negativa da imprensa brasileira", minando o esforço por uma relação "voltada para a frente". Ela também lembrou que o ex-ministro José Dirceu foi um dos presos trocados por Elbrick.
O informe revela ainda que o FBI mantém fichas sobre todos os integrantes da ação e afirma que Gabeira se diz arrependido, enquanto Franklin "se recusa a manifestar remorso" pelo caso. Venceslau não foi localizado ontem pela Folha.


Colaborou FERNANDO RODRIGUES, de Brasília


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