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WIKILEAKS
PAPÉIS BRASILEIROS
Ex-guerrilheiro recebeu visto dos EUA por engano
Venceslau sequestrou
embaixador em 1969
BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO
Interpretada como sinal de
abertura na política externa
de Barack Obama, a concessão de visto ao ex-guerrilheiro Paulo de Tarso Venceslau
foi, na verdade, um deslize
da diplomacia americana.
Ele integrou o grupo que
sequestrou o embaixador
Charles Burke Elbrick, em
1969, para forçar a ditadura a
libertar presos políticos. Os
outros participantes da ação,
como o ministro Franklin
Martins (Comunicação Social) e o deputado Fernando
Gabeira (PV-RJ), até hoje não
podem pisar nos EUA.
Telegrama obtido pelo WikiLeaks (www.wikileaks.ch) revela que o consulado em São Paulo concedeu o visto sem perceber de
quem se tratava. Depois de o
caso vir a público, a embaixada em Brasília recomendou a Washington mantê-lo,
para evitar uma possível crise com o Itamaraty.
O caso foi relatado em 14
de outubro de 2009 pela conselheira Lisa Kubiske. Ela
disse que o visto poderia lançar dúvidas sobre a política
dos EUA contra o terrorismo.
No entanto, ponderou que
um recuo "levaria a reação
forte e negativa da imprensa
brasileira", minando o esforço por uma relação "voltada
para a frente". Ela também
lembrou que o ex-ministro
José Dirceu foi um dos presos
trocados por Elbrick.
O informe revela ainda
que o FBI mantém fichas sobre todos os integrantes da
ação e afirma que Gabeira se
diz arrependido, enquanto
Franklin "se recusa a manifestar remorso" pelo caso.
Venceslau não foi localizado ontem pela Folha.
Colaborou FERNANDO RODRIGUES, de
Brasília
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