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Sem recursos, Marina vê "fuga" de aliados regionais
PV tenta evitar debandada, mas já admite perda de palanques estaduais
Falta de apoios locais afeta tempo de TV e exposição durante a campanha; sigla admite dificuldades no caixa
BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO
A falta de recursos e o assédio de grandes partidos a
pré-candidatos do PV aos governos estaduais ameaçam
deixar a presidenciável Marina Silva sem palanques regionais antes mesmo do início oficial da campanha.
Os verdes tentam evitar
uma debandada, mas já admitem perder espaços importantes para os adversários José Serra (PSDB) e Dilma
Rousseff (PT). Isso compromete a estratégia de lançar
chapas próprias em todo o
país para garantir visibilidade e tempo de TV a Marina.
Sem dinheiro ou chance
de vitória, militantes verdes
que concorreriam "no sacrifício" têm dado sinais de que
podem desistir.
Em Estados onde o PV conseguiu definir chapa própria
o problema é outro: evitar
que os pré-candidatos a deputado e senador abandonem a presidenciável para se
aliarem informalmente a legendas maiores.
"Há um processo de cooptação em curso em todo o
país. É um problema grave,
que nos atormenta", admite
Alfredo Sirkis, coordenador
da campanha de Marina.
O comitê da senadora tem
sido procurado por aliados
que relatam ofertas de ajuda
financeira para compor "dobradinhas" com outras legendas. Em muitos casos, a
contrapartida exigida é omitir o nome de Marina do material de campanha.
"A tendência é que isso
aconteça em todos os Estados. Onde não está acontecendo ainda vai acontecer. O
jogo é bruto", diz Sirkis.
O Nordeste é considerado
a região mais problemática
para o PV. De 9 Estados, o
partido só conseguiu definir
candidaturas próprias em 3:
Bahia, Sergipe e Pernambuco, onde o verde Sérgio Xavier sofre assédio do serrista
Jarbas Vasconcelos (PMDB)
para ser seu vice.
"Jarbas foi um grande governador, mas precisamos
manter o palanque para Marina", diz o pré-candidato.
O comitê de Marina admite
que é preciso captar recursos
para bancar as campanhas
estaduais, mas os dirigentes
dizem ainda não saber o valor necessário para garantir
os palanques próprios.
Na quarta-feira, Marina
admitiu dificuldades no caixa, mas prometeu compensar a falta de palanques formais nos Estados "construindo palanques no coração das
pessoas". "Não temos a pretensão de querer competir
com a megaestrutura desses
partidos", afirmou, referindo-se a PT e PSDB.
Por enquanto, os verdes só
confirmam oficialmente que
ficarão sem palanque em
dois Estados: Acre, onde Marina apoia o amigo Tião Viana (PT), e Rio Grande do Norte, onde é aliado da serrista
Rosalba Ciarlini (DEM).
No Rio, único lugar onde o
PV tem chance de vitória,
Fernando Gabeira faz jura de
apoio à senadora, mas se sustenta cada vez mais na aliança com PSDB e DEM. Ele já
declarou voto em Serra num
segundo turno com Dilma.
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