São Paulo, sábado, 29 de maio de 2010

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Sem recursos, Marina vê "fuga" de aliados regionais

PV tenta evitar debandada, mas já admite perda de palanques estaduais

Falta de apoios locais afeta tempo de TV e exposição durante a campanha; sigla admite dificuldades no caixa

BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

A falta de recursos e o assédio de grandes partidos a pré-candidatos do PV aos governos estaduais ameaçam deixar a presidenciável Marina Silva sem palanques regionais antes mesmo do início oficial da campanha.
Os verdes tentam evitar uma debandada, mas já admitem perder espaços importantes para os adversários José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT). Isso compromete a estratégia de lançar chapas próprias em todo o país para garantir visibilidade e tempo de TV a Marina.
Sem dinheiro ou chance de vitória, militantes verdes que concorreriam "no sacrifício" têm dado sinais de que podem desistir.
Em Estados onde o PV conseguiu definir chapa própria o problema é outro: evitar que os pré-candidatos a deputado e senador abandonem a presidenciável para se aliarem informalmente a legendas maiores.
"Há um processo de cooptação em curso em todo o país. É um problema grave, que nos atormenta", admite Alfredo Sirkis, coordenador da campanha de Marina.
O comitê da senadora tem sido procurado por aliados que relatam ofertas de ajuda financeira para compor "dobradinhas" com outras legendas. Em muitos casos, a contrapartida exigida é omitir o nome de Marina do material de campanha.
"A tendência é que isso aconteça em todos os Estados. Onde não está acontecendo ainda vai acontecer. O jogo é bruto", diz Sirkis.
O Nordeste é considerado a região mais problemática para o PV. De 9 Estados, o partido só conseguiu definir candidaturas próprias em 3: Bahia, Sergipe e Pernambuco, onde o verde Sérgio Xavier sofre assédio do serrista Jarbas Vasconcelos (PMDB) para ser seu vice.
"Jarbas foi um grande governador, mas precisamos manter o palanque para Marina", diz o pré-candidato.
O comitê de Marina admite que é preciso captar recursos para bancar as campanhas estaduais, mas os dirigentes dizem ainda não saber o valor necessário para garantir os palanques próprios.
Na quarta-feira, Marina admitiu dificuldades no caixa, mas prometeu compensar a falta de palanques formais nos Estados "construindo palanques no coração das pessoas". "Não temos a pretensão de querer competir com a megaestrutura desses partidos", afirmou, referindo-se a PT e PSDB.
Por enquanto, os verdes só confirmam oficialmente que ficarão sem palanque em dois Estados: Acre, onde Marina apoia o amigo Tião Viana (PT), e Rio Grande do Norte, onde é aliado da serrista Rosalba Ciarlini (DEM).
No Rio, único lugar onde o PV tem chance de vitória, Fernando Gabeira faz jura de apoio à senadora, mas se sustenta cada vez mais na aliança com PSDB e DEM. Ele já declarou voto em Serra num segundo turno com Dilma.


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