São Paulo, quarta-feira, 29 de junho de 2011

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Juro alto faz inadimplência aumentar

Taxas cobradas no cheque especial alcançam nível mais elevado em mais de dez anos, atingindo 185,4% ao ano

Financeira procura clientes com dívidas em atraso para renegociar empréstimos e evitar aumento de calote

MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

O alerta de aumento da inadimplência acendeu na financeira Losango, a maior em crédito direto ao consumidor (crediário) do país. Em abril, os atrasos acima de 90 dias nos pagamentos subiram 4,5% ante o mesmo período do ano passado.
Diante disso, a empresa lançou em maio uma campanha de renegociação de dívidas atrasadas. Normalmente, iniciativas como esta ocorrem no fim do ano, quando os consumidores recebem o 13º salário.
Mas, segundo Hilgo Gonçalves, executivo-chefe da Losango, a antecipação visa "evitar problemas adiante".
Ontem, dados divulgados pelo Banco Central confirmaram que a inadimplência no país subiu em maio pelo 4º mês consecutivo. O percentual de dívidas atrasadas do consumidor ficou em 6,4%.
A previsão de especialistas é de novas altas no calote.
"O setor bancário é o último estágio da inadimplência, que começa com o atraso de outras contas", destaca Luiz Rabi, economista da Serasa Experian.
Ele prevê que os calotes subirão até outubro, mas lembra que a inadimplência ainda cresce abaixo da média histórica, de 7%.
O calote está relacionado à alta da inflação, que reduziu o poder de compra dos salários e levou muitas famílias a não honrar pagamentos.
O remédio dado pelo BC à escalada de preços - elevação de juros - agrava a situação ao encarecer prestações.
Apesar da preocupação do mercado, o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, minimiza os dados. "Temos um aumento marginal da inadimplência. Houve alta, mas um pouco tímida", avalia.
Maciel diz que a recente desaceleração dos preços e a perspectiva de aumento da renda e do emprego devem reverter o cenário.
Embora os dados não sejam considerados alarmantes por especialistas, eles alertam para a piora da qualidade do endividamento.
Boa parte dos empréstimos (40%) se dá via cheque especial e cartão. A taxa cobrada no cheque especial bateu, em maio, o nível mais elevado em mais de dez anos: 185,4%. Em outras linhas de crédito ao consumidor, a taxa média é de 46,8%.


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