São Paulo, quarta-feira, 29 de setembro de 2010

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Tucano diz que teve conta bancária violada

Banco do Brasil negou que sigilo de Eduardo Jorge tenha sido quebrado, mas não justificou 2 acessos questionados

"Essas informações só confirmam que acessos aos meus sigilos foram uma coisa organizada", diz o dirigente do PSDB

LEONARDO SOUZA
DE BRASÍLIA

O vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, teve sua conta acessada no Banco do Brasil sem que a instituição financeira tenha apresentado até agora justificativa para pelo menos uma das consultas. O dirigente tucano afirma que seu sigilo bancário foi quebrado.
"Essas informações apenas confirmam que os acessos aos meus sigilos foram uma coisa organizada e orquestrada", disse ele.
Conforme a Folha revelou em junho, a chamada "equipe de inteligência" da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência levantou dados fiscais e financeiros sigilosos do tucano.
O grupo obteve informações de uma série de três depósitos na conta de EJ no BB no valor de R$ 3,9 milhões, além de cópias de cinco declarações completas de seu Imposto de Renda.
Segundo a Polícia Federal e a Receita, que abriram investigação com base nas revelações feitas pela Folha, os dados fiscais de EJ foram violados numa agência do fisco em Mauá (SP).
No mesmo inquérito, o BB informou à PF que a conta de EJ no banco foi acessada cinco vezes entre 2009 e 2010. Uma das consultas ocorreu numa agência em Maricá (RJ), em março passado.
Foi nesse município que EJ vendeu imóveis do espólio de seu sogro, o que justificou os depósitos de R$ 3,9 milhões. O tucano disse que os últimos depósitos do espólio foram feitos nessa agência, em janeiro e abril, para sua conta em Brasília, e que não houve movimentação em março. Ele afirmou que não tem nem nunca teve conta em agência na cidade.

ACESSOS
Segundo a Folha apurou, o BB não explicou à PF a razão desse acesso. Prestou informações genéricas, como relatar que a agência onde ocorreu a consulta tem uma grande movimentação de clientes e de funcionários.
Por meio de sua assessoria, o BB afirmou que todas as consultas à conta de EJ foram realizadas por profissionais autorizados para a tarefa. O banco negou que tenha havido violação dos dados.
EJ contesta dois dos acessos. Em relação ao da agência do Rio, ele diz que não há na resposta do BB à PF explicação para a consulta.
Houve também outro acesso em março deste ano na própria agência em que EJ mantém conta em Brasília. Nesse caso, uma funcionária do banco gerou um relatório sobre uma suposta movimentação financeira atípica na conta do tucano.
O relatório teria sido enviado a autoridades competentes, como o Banco Central e o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
EJ diz que não há o menor cabimento na explicação do BB. Afirma que não houve em março nenhum tipo de depósito ou saque incomum. "A PF precisa investigar esses acessos à minha conta."
Em relação aos outros três acessos, o tucano diz que foram realizados a seu pedido.
As cópias das declarações de IR de EJ e dados sobre depósitos em sua conta integravam dossiê feito por grupo de espionagem que era montado com o aval de uma ala da pré-campanha de Dilma.
Após a revista "Veja" ter revelado em maio a movimentação desse grupo, a equipe foi desfeita.


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