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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
Papa pede ação no Brasil contra aborto
Bento 16 diz a membros da CNBB que padres têm dever de intervir na campanha política para condenar prática
Na mensagem, pontífice afirma que em defesa da vida os sacerdotes não devem temer "oposição" nem "impopularidade"
HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA
O papa Bento 16 disse ontem em Roma que é dever dos
bispos brasileiros intervir na
campanha política para condenar o aborto. O pontífice
afirmou ainda que descriminalização desse procedimento representa uma traição
aos ideais democráticos.
Falando a bispos do Maranhão que lhe faziam a visita
quinquenal em que relatam
os problemas da diocese, o
papa foi direto: "Quando, porém, os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação
das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de
emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas".
Bento 16 qualificou o aborto e a eutanásia de ações "intrinsecamente más", cuja
descriminalização compromete a democracia.
"Caros irmãos no episcopado, ao defender a vida não
devemos temer a oposição e
a impopularidade, recusando qualquer compromisso e
ambiguidade que nos conformem com a mentalidade
deste mundo", diz a mensagem do papa aos brasileiros.
Nenhuma das posições defendidas por Bento 16 é nova.
Elas estão consubstanciadas
numa série de encíclicas, notadamente "Evangelium vitae" e "Gaudium et spes".
Mas, ao recapitular esses
pontos numa mensagem direta a bispos brasileiros a três
dias de um segundo turno
fortemente marcado pela discussão do aborto, o pontífice
dá a seu discurso um conteúdo político que, pelo menos
em relação ao Brasil, é inédito -na Itália, interferências
do papa já são uma tradição.
O aborto virou tema central da campanha na virada
entre o primeiro e o segundo
turno. Dilma Rousseff (PT)
foi criticada em panfletos da
Igreja Católica por ter defendido, no passado, a descriminalização do aborto.
Ela passou vários dias repetindo que é "a favor da vida" e fez uma carta a religiosos se comprometendo a não
mudar a lei sobre o tema.
Ontem, José Serra elogiou
o papa e disse que ele tem
"pleno direito de emitir as
suas diretrizes e orientações
para os católicos do mundo".
Dilma disse que a mensagem
não afeta sua candidatura e
que a posição de Bento 16
"tem de ser respeitada".
Em seu discurso, Ratzinger abordou outros dois temas presentes nas disputas
culturais entre religiosos e
secularistas: o ensino religioso nas escolas oficiais e a presença de crucifixos em espaços públicos como tribunais.
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