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Relatório da PF aponta tentativa de lobby de petista na Casa Civil
Candidato grampeado diz ter se reunido com Dilma para evitar distribuição de franquias dos Correios
Irmão de Erenice atua em defesa dos atuais franqueados; Dilma nega encontro relatado por petista em grampo
ANDRÉA MICHAEL
DE SÃO PAULO
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA
Relatório da Polícia Federal aponta tentativa de lobby
na Casa Civil para favorecer
agências franqueadas dos
Correios. A então ministra
Dilma Rousseff, hoje candidata do PT à Presidência, é citada no documento como alvo dos lobistas.
Segundo o relatório, Sancler Mello, candidato a deputado estadual pelo PT do Rio,
relata a um lobista ter sido recebido por Dilma em julho de
2006 para discutir uma forma de evitar a realização de
licitação para renovação da
rede de franqueados da estatal -concorrência pública
que, de fato, não foi aberta.
A conversa foi gravada
com autorização da Justiça
Federal. Dilma e Sancler negam o encontro.
A Casa Civil está no centro
do escândalo envolvendo
Erenice Guerra, que sucedeu
Dilma no cargo. Erenice deixou o governo após a descoberta de uma esquema de
lobby dentro do órgão.
Parte dos diálogos ocorreu
em julho de 2006 e integram
uma longa investigação sobre as agências terceirizadas
dos Correios.
O trabalho deu origem a
outros inquéritos e operações, entre as quais as batizadas de Selo e Déjà-vu.
Em abril daquele ano, dois
meses antes das conversas
gravadas, o TCU (Tribunal de
Contas da União) havia dado
prazo até o final de 2007 para
que o governo fizesse a licitação para substituir as agências franqueadas.
A Abrapost, associação
que representa 90% dos franqueados, tentava na Justiça
impedir a redistribuição da
rede de agências. Para isso,
ingressou no STF (Supremo
Tribunal Federal).
Em março deste ano, a
causa foi assumida pelo advogado Antonio Eudacy Alves Carvalho, irmão da ex-ministra Erenice.
Nas escutas, Sancler conversa com Carlos Eduardo
Fioravante da Costa, ex-diretor dos Correios e segundo
suplente do senador Hélio
Costa -na ocasião, ministro
das Comunicações.
"AJUDA FINANCEIRA"
Segundo o relatório, Fioravante "promete ajuda financeira" de R$ 100 mil a Sancler
para que ele tentasse convencer Dilma a cancelar uma
medida provisória determinando uma nova licitação.
A Folha apurou que o Ministério das Comunicações
chegou a encaminhar à Casa
Civil, em 15 de dezembro de
2006, minuta de uma MP que
reformulava o setor.
Em 2007 e 2010, o governo
editou MPs renovando prazo
de vigência das franquias e
fixando datas para a renovação da rede, mas as licitações
nunca ocorreram.
No diálogo, gravado no dia
18 de julho de 2006, Sancler
diz: "Eu acabei de sair de reunião com ela [Dilma] lá... Ela
se compromete e não emitir a
medida provisória para ser
relatada em 2006".
E continua: "Ela espera a
decisão do Supremo, não
emite a medida provisória,
que já está pronta, que ela ia
mandar para o Congresso,
para o Bittar [Jorge Bittar, deputado federal pelo PT-RJ],
que vai ser o relator".
Colaborou FILIPE COUTINHO, da Sucursal
de Brasília
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