São Paulo, quarta-feira, 30 de março de 2011

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Alencar morre aos 79 vítima de câncer

Vice de Lula foi internado pela última vez anteontem, em SP; passou por 17 cirurgias em 15 anos de luta contra a doença

Corpo será velado hoje em Brasília e amanhã em Belo Horizonte; caixão será levado em carro aberto ao Planalto

Marcelo Carnaval - 7.abr.08/Agência O Globo
Alencar em aniversário da ABI, no Rio

DE SÃO PAULO
DE BRASÍLIA
DO ENVIADO A COIMBRA (PORTUGAL)


O vice-presidente da República José Alencar Gomes da Silva (PRB) morreu ontem aos 79 anos, no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, vítima de câncer.
Empresário, ele entrou para a política aos 62 anos e se tornou conhecido nacionalmente na campanha presidencial de 2002.
Em 15 anos, passou por 17 cirurgias. Sua luta contra a doença, marcada por declarações de fé e otimismo, comoveu o país.
Ele foi internado pela última vez anteontem e morreu às 14h41 de ontem, com falência de múltiplos órgãos.
O corpo será velado hoje no Palácio do Planalto, em Brasília, e amanhã no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte. O enterro estava previsto para o Cemitério do Bonfim, na capital mineira.
A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula anteciparam a volta de Portugal para participar das homenagens no país.
O vice Michel Temer, que estava no exercício da Presidência, decretou luto oficial de sete dias. A medida foi seguida por diversos Estados.
A chegada do corpo a Brasília está prevista para as 9h15, na Base Aérea, onde haverá recepção com honras militares.
O caixão será levado em carro aberto até o Planalto, que será aberto ao público às 10h30. Dilma e Lula devem chegar à capital às 17h.

REAÇÕES
Apesar de a saúde de Alencar ter piorado nos últimos meses, a notícia da sua morte surpreendeu o governo e o Congresso.
O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) foi avisado por repórteres, durante uma entrevista coletiva.
Dilma havia embarcado na véspera para sua primeira viagem oficial à Europa, motivada pela entrega ao antecessor do título de doutor honoris causa pela Universidade de Coimbra.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), interrompeu sessão solene para homenagear o ex-vice.
Na Câmara, os deputados fizeram um minuto de silêncio em plenário. O presidente Marco Maia (PT-RS) cancelou todas as sessões marcadas até o fim da semana.
Em todo o país, políticos da bancada governista e da oposição se uniram em homenagens ao ex-vice.
Em razão da doença, Alencar desistiu de se candidatar a novo mandato no Senado e não conseguiu participar da posse de Dilma, em janeiro.
Nos últimos meses, foi visitado no hospital pela presidente, por Lula e por ministros do novo governo.
Casado com Mariza Campos Gomes da Silva, ele deixa três filhos com a mulher: Josué Christiano, Maria da Graça e Patrícia.
Corre um processo, ainda não concluído, no qual Rosemary de Morais pede para ser reconhecida como filha de Alencar com a enfermeira Francisca de Morais.
Em julho do ano passado, o juiz José Antonio de Oliveira Cordeiro, de Caratinga (MG), permitiu que ela passasse a usar seu sobrenome.
Alencar negava a paternidade e se recusou a fazer exame de DNA. Ele insinuou que a mãe de Rosemary era prostituta e obteve liminar suspendendo a decisão.

DOENÇA
O ex-vice lutava contra o câncer desde 1997, quando teve extraídos um rim e parte do estômago. Em 2002, extirpou um câncer de próstata.
Seu quadro se agravou em 2006, quando foi descoberto um sarcoma (tumor mais violento) no retroperitônio.
Foi operado em julho daquele ano, mas o tumor voltou. Em janeiro de 2009, passou por cirurgia de 17 horas, para a retirada de vários tumores -um deles com 12 cm.
Tentou tratamento experimental nos Estados Unidos, sem sucesso, e voltou à quimioterapia no Brasil.
No ano passado, Alencar foi internado diversas vezes. Sofreu um infarto em novembro e teve que passar o Réveillon no hospital.
Teve alta em 15 de janeiro para receber homenagem da Prefeitura de São Paulo, em cadeira de rodas. Foi sua última aparição pública.


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