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ANÁLISE ELEIÇÕES 2010
Candidatos devem focar fatia do eleitorado
Estudo diz que bom discurso irrita cerca de 30% dos eleitores; tentar agradar a todos pode ser contraproducente
EM VEZ DE TENTAR CAPTAR O ELEITOR QUASE IMPOSSÍVEL, É MAIS PROVEITOSO AO POSTULANTE TER UM DISCURSO AUTÊNTICO
HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA
Fugir de temas polêmicos
para não contrariar nenhum
eleitor potencial -como parece ser a regra entre os candidatos a cargos majoritários- pode ser contraproducente. Essa é a opinião do psicólogo especializado em eleições Drew Westen, da Universidade Emory (EUA).
Westen, autor do livro
"The Political Brain" (o cérebro político), vai mais longe e
sustenta que quem tem um
bom discurso de campanha
precisa irritar profundamente uns 30% do eleitorado.
Tal afirmação se baseia
num corpo crescente de pesquisas em neurociência que
apontam para um eleitor
muito mais emocional do
que racional. O que os mais
cultos e politizados fazem é
desenvolver racionalizações
mais sofisticadas para justificar suas escolhas, também
feitas muito mais com o fígado do que com a cabeça.
E, qualquer que seja o político, ele fatalmente terá uma
fatia de cerca de um terço dos
cidadãos que só por milagre
votariam em seu nome. São
pessoas que se encontram no
polo oposto do espectro político ou que antipatizam fortemente com o candidato.
Segundo Westen, em vez
de tentar capturar esse eleitor quase impossível, é muito
mais proveitoso para o postulante formular um discurso
autêntico sobre si mesmo e
os seus valores. O político
que não diz o que pensa passa uma sensação de que não
é lá muito honesto.
Uma narrativa que fale diretamente ao cérebro emocional do cidadão, em que
pese alienar uma minoria expressiva, é mais eficiente para atrair o eleitorado dividido, que costuma decidir os
pleitos, além de mobilizar
mais os já simpatizantes.
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