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Carta à alta sociedade
Socialites e empresárias que
se reuniram com Dilma Rousseff
na casa de Abilio Diniz acharam que
ela é "inteligente, positiva e sedutora". Mas continuam votando em Serra
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
E como "ela" é? Esta é a
pergunta mais ouvida nos últimos dias pelas socialites e
empresárias que participaram, na sexta, 25, em SP, da
reunião organizada pelo empresário Abilio Diniz, do Pão
de Açúcar, em torno de Dilma Rousseff (PT).
"Ah, todo mundo gostou
dela", diz uma das presentes.
"A Dilma é inteligente, positiva, sedutora. Mas eu não
vou mudar o meu voto,
não!", informa logo a empresária. Ela pede anonimato
"para não chatear o Abilio".
"Mas 99% das que estavam lá votavam no Serra. E
vão continuar votando. O
Serra é paulista, a gente conhece ele há um tempão. A
Dilma, não. Ela caiu de paraquedas. Muitas nem queriam
ir, estavam com o pé atrás."
A reunião, ainda assim, foi
sucesso de público. Cerca de
trinta convidadas -entre outras, Ana Maria Moraes, Maria Antonia Civita, Mariangela Bordon, Adriana Vilarinho, Rosangela Lyra e Maria
Alice Klein -foram à casa de
Abilio, nos Jardins.
Tal como num chá de cozinha, o empresário apareceu
no começo da festa, elogiou a
presidenciável do PT - e saiu
de cena, deixando a mulher,
Geyze, no papel de anfitriã.
"Ela serviu, sabe, um lanchinho? Coca-Cola, guaraná,
cafezinho e champanhe Veuve Clicquot. Uma coisa muito
tranquila", diz a convidada.
Dilma bebeu uma "flûte",
se tanto. "Antes de responder
a uma pergunta, ela contava
uma história para enrolar. Aí
tomava um gole de champanhe pra recuperar o fôlego.
Mas bebeu pouco. Disse que
está de regime."
Muitas das convidadas se
surpreenderam. "Ela é muito
mais bonita pessoalmente do
que é por fotografia. Não que
seja linda, mas é melhor. E
você vê também que deu um
trato, fez uma plástica. O pescoço estava tudo de bom, o
olho, nem tanto. Mas tá legal.
Ela está aproveitando para se
cuidar, né? E tá certa! Estava
com um terninho cinza legal,
um lencinho, um sapato
bom, você vê que é de grife."
"A primeira pessoa que
perguntou foi a Rosangela
Lyra, da Dior, sogra do Kaká
- uma débil mental a qual
[sic] pessoalmente tenho
uma implicância há anos e
que resolveu questioná-la sobre fé", escreveu outra convidada num relatório que depois distribuiu às amigas.
Católica, Rosangela, representante da Dior no Brasil
e mãe de Caroline Celico, mulher de Kaká, da seleção, diz:
"Tentei quebrar o gelo. Afinal, estávamos lá para conhecer o lado pessoal da Dilma. Pelo visto, teve gente que
não entendeu". Dilma disse
que todas as religiões serão
respeitadas "e logo mudou o
assunto", diz o relatório.
A ministra falou sobre a
sua vida. "Classe média, colégio de freira, mineira, católica. No ginásio, foi para um
colégio estadual [...] e descobriu a diferença entre rico e
pobre", segue o relatório.
"Entrou na faculdade [...] e
logo no começo foi presa. Ficou 23 anos casada, teve uma
filha. Dedicou-se a vida toda
às atividades técnicas até
que em 2005 foi convidada
para ser ministra da Casa Civil [...] Que nem ela mesma
disse, teve todos os sonhos
de uma mulher. Casar, constituir família e ser feliz."
As mulheres seguiram
com as perguntas. E o PT? "A
gente tem muito medo dos
radicais. O Lula conseguiu
segurá-los. E ela, consegue?
E o José Dirceu? Está de volta?", diz uma convidada.
A ministra respondeu que
o PT é "dos menores problemas que ela tem". Lula
"aprendeu", Dilma também
"aprendeu", e explicou às
amigas de Abilio que o PT
não pode "inventar moda".
A autora do relatório escreveu, em letras maiúsculas
em seu resumo, que Dilma
explicou que "o PT aprendeu
que TEM QUE OUVIR".
Cada resposta da candidata era "super longa". "Muitas
queriam fazer perguntas e
não conseguiam", relata
uma delas. As que tiveram
sucesso questionaram Dilma
sobre reforma tributária, saúde, educação, política externa e inchaço da máquina.
Dilma contou que, quando
assumiu o Ministério das Minas e Energia, encontrou "25
motoristas e um engenheiro
e ficou abismada".
No momento em que Dilma passou a se dedicar à
"parte técnica", algumas das
mulheres começaram a se
distrair, segundo o relato de
uma delas.
"Começou aquele "blábláblá" de PIB, de crescimento,
que você pode ler nas entrevistas que a Dilma dá, não
precisa se encontrar com ela
pra saber. Ficou muito chato,
entediante. E aí foi um tal de
Blackberry [aparelho celular]
pra lá, Blackberry pra cá! Não
deram muita atenção."
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