São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 2011

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Pressionada, Dilma recua e prorrogará prazo para verbas

Por telefone, ministra da Articulação, Ideli Salvati, avisou aos aliados, que ameaçavam paralisar votações na Câmara

Deputados de partidos da base queriam que ministro da Fazenda explicasse anulação de recursos previstos


Alan Marques - 28.jun.10/Folhapress
Ideli Salvatti (Relações Institucionais) em reunião com bancada feminina na Câmara

MÁRCIO FALCÃO
NATUZA NERY
MARIA CLARA CABRAL

DE BRASÍLIA

A presidente Dilma Rousseff cedeu às pressões de sua base de apoio no Congresso e decidiu prorrogar por 90 dias o prazo para pagamento de emendas feitas ao Orçamento em 2009, os chamados "restos a pagar".
Anteontem, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, dizia que Dilma estava "irredutível".
Ontem, porém, veio o recuo, diante de ameaças de paralisação de votações no Legislativo e promessas de convocação do ministro Guido Mantega (Fazenda), a explicar as razões do Executivo em não honrar as emendas.
Após conversar com a presidente à noite, Ideli telefonou a aliados para comunicar a mudança de posição. Impôs, porém, algumas condições, entre elas a de que o Congresso não peça nova prorrogação do prazo.
O decreto autorizando o pagamento de atrasados se extinguiria hoje.
"A ministra [Ideli" acabou de me informar que a presidente decidiu prorrogar o decreto por três meses", contou Linconl Portela (PR-MG).
O líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO), também foi contatado pela ministra. No Planalto, o argumento usado para convencer a presidente é de que a prorrogação não significa desembolso imediato de verbas.
Dilma e Mantega não querem emitir sinais ao mercado financeiro de que há flexibilidade no compromisso fiscal.
Ideli também disse a aliados que o novo líder do governo no Congresso será um deputado, não um senador.
O principal cotado é o gaúcho Mendes Ribeiro (PMDB).
A polêmica dos "restos a pagar" levou aliados a reclamarem de que o governo posava de "responsável", enquanto os deputados levavam fama de "perdulários". Com isso, as votações no plenário não ocorreram em plena quarta-feira, dia de maior movimento no Congresso.
Os deputados argumentam que as emendas parlamentares ajudam o país economicamente, levando investimentos a municípios menores. É com as emendas que eles conseguem levar obras às bases eleitorais.
A proximidade com as eleições municipais, no entanto, eleva o preço da barganha, já que muitos políticos desejam iniciar obras para viabilizar ou reforçar candidaturas em 2012.
Segundo Henrique Eduardo Alves, líder do PMDB na Câmara, os restos a pagar das emendas de 2009 somam mais de R$ 4 bilhões.


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