São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 2011

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Com pressão salarial, BC vê inflação maior

Relatório aponta para estimativas mais altas para os índices de preços, com alcance da meta oficial apenas em 2013

Novas projeções levam economistas a apostar em dose extra de juros; incertezas no cenário externo preocupam


EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

Aumentou a possibilidade de que o Banco Central faça elevações adicionais da taxa básica de juros para colocar a inflação de volta na meta.
Essa é a avaliação de economistas após a revisão para cima das projeções oficiais do BC para a alta de preços.
Em seu relatório trimestral de inflação divulgado ontem, o BC alterou suas previsões para a inflação de 2011 e de 2012- ficaram ainda mais distantes do centro da meta do governo, de 4,5%.
No cenário de referência usado pelo BC, que considera o dólar a R$ 1,60 e a taxa básica de juros em 12,25%, o objetivo seria atingido apenas no fim do 1º semestre de 2013.
A revisão se deve ao comportamento da inflação e ao crescimento da economia, ambos acima do esperado, nos últimos meses. Entre as surpresas inflacionárias, o BC destacou a alta do álcool.
Para o futuro, o BC vê como "um risco muito importante" para a inflação a pressão de trabalhadores para repor as perdas salariais. Por isso, defende que as negociações considerem a expectativa de queda de preços e ganhos de produtividade.
O diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton, disse que as previsões pioraram agora, mas devem recuar nos próximos meses.
As estimativas do BC para 2011 subiram de 5,6% para 5,8%. Para 2012, passaram de 4,6% para 4,8%.
Foi mantida a previsão de expansão de 4% para o PIB.
"Esse relatório aumentou muito a chance de que o BC seja forçado a fazer ao menos mais um aumento de juros. Nossa projeção, que era de mais uma alta em julho, agora é de outra em agosto", disse o economista Homero Guizzo, da LCA.
Bancos e corretoras como Bradesco, Prosper, Banif e Fator também fazem esse tipo de avaliação.
O economista Fábio Silveira, da RC Consultores, porém, diz que o BC deveria encerrar o ciclo de alta dos juros, pois novos aumentos, somados às medidas já adotadas, podem esfriar demasiadamente a economia.
Ontem, o diretor de Política Econômica do BC afirmou que não vê descontrole da inflação e que mantém a estratégia de um aperto "suficientemente prolongado" para alcançar os 4,5% em 2012.

CENÁRIO EXTERNO
O BC ainda vê incertezas no cenário externo que podem afetar a economia brasileira, apesar da aprovação ontem do pacote fiscal na Grécia e da queda nos preços de produtos cujos preços são ditados pelo mercado internacional (commodities).
Avalia também que o crédito já cresce a taxas mais moderadas, que houve redução no descompasso entre oferta e demanda e melhora nas contas públicas. Hamilton ainda vê riscos, no entanto, nos reajustes salariais, na indexação e no ritmo incerto de crescimento da economia.
Para a instituição, a vinculação da renda dos trabalhadores do setor de serviços ao salário mínimo é um dos fatores que explicam reajustes acima da inflação e da produtividade nesse segmento.
Dados do BC mostram que o aumento real (acima da inflação) no setor foi de 17,6% desde 2007, ante elevação de 4,1% na produtividade.


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