DE BRASÍLIA

O novo presidente dos Correios, David José de Matos, disse que recebeu do governo a orientação de resgatar a confiabilidade da estatal. Segundo ele, o escândalo do mensalão teve o efeito de "tsunami" e até hoje prejudica a empresa. Em entrevista à Folha em 2005, Roberto Jefferson revelou que deputados recebiam do PT um mensalão. O esquema foi revelado após um funcionário da estatal ligado ao PTB ser flagrado recebendo propina. Deputados criaram a CPI dos Correios para investigar o caso. Leia trechos da entrevista de Matos, que é filiado ao PMDB. (AM)

Folha - Quais são as suas prioridades?
David José de Matos - Vamos focar em quatro pontos: resgate da autoestima dos funcionários que estão sem estímulo, com dificuldades de tomar decisões; fazer o concurso público já aprovado; restabelecer os contratos de transporte aéreo, que sofreram alguns percalços ultimamente, e resolver a questão das franquias.

Existe um objetivo que deve ser perseguido?
Resgatar a confiabilidade que os Correios tinham com a população é o primeiro objetivo a ser alcançado.

Vai dar tempo de licitar as franquias dos Correios até novembro como determinou a Justiça? Existem questionamentos do edital.
Não acreditamos que seja necessário fazer um novo edital, pode haver uma modificação para o adequar a uma decisão que possa vir do TCU se houver necessidade.

O senhor falou em resgate da autoestima dos funcionários. De que forma isso pode ser feito?
Depois daquele "tsunami" [mensalão] que passou por aqui, houve uma busca de culpados por tudo o que acontecia nos Correios e, com isso, os técnicos ficaram receosos de tomar qualquer tipo de posição, porque eles poderiam ser indiciados em processos internos.
Com isso, a burocracia não deixa que os processos caminhem. Nossa ideia é reforçar a importância de que não pode preferir não fazer. Se tiver que correr riscos, vamos correr, sempre respaldados nos órgãos de controle. Não podemos ficar reféns do nosso medo.


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