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Governo teve gasto recorde com juros da dívida no 1º semestre
Para frear inflação, Banco Central elevou a taxa básica e encargos subiram para R$ 119 bi de janeiro a junho
Como economia do país cresceu, peso da dívida sobre o PIB ficou menor, apesar de 60% dela ser corrigida pelos juros
LORENNA RODRIGUES
DE BRASÍLIA
O aumento na taxa básica
de juros e a alta da inflação
levaram o setor público brasileiro a pagar um valor recorde em encargos da dívida
no primeiro semestre do ano.
Se por um lado o governo
teve que segurar investimentos e adiar gastos para economizar, por outro pagou R$
119,7 bilhões para os credores, o que representa 6,12%
do PIB (Produto Interno Brasileiro). Foram R$ 27,5 bilhões a mais do que no mesmo período de 2010.
Neste ano, a taxa básica
subiu de 10,75% para 12,50%
ao ano, o que aumenta significativamente o custo da dívida, pois mais de dois terços
dela são indexados à Selic.
De janeiro a junho, o setor
público, que inclui estatais,
Estados, municípios e a
União, economizou R$ 78,1
bilhões, o equivalente a quase 4% do PIB. Após o pagamento recorde de juros, porém, o resultado final foi negativo em R$ 41,5 bilhões.
"Os resultados mostram
que, se por um lado esse superavit foi atingido e as contas parecem estar sob controle, por outro essa política leva a gastos extremamente
excessivos nos juros", afirma
o professor de Finanças do
Ibmec, Gilberto Braga.
Segundo Braga, a única
forma de o governo reduzir
as despesas com a dívida é
diminuindo os gastos, principalmente com a manutenção
da máquina pública.
Isso ajudaria em duas frentes: reduzindo a necessidade
de emissão de novos títulos
para financiar as despesas e
diminuindo a demanda por
produtos e serviços na economia, o que leva à queda da
inflação e permite ao Banco
Central diminuir a taxa Selic.
"Existe espaço para isso
nesse momento até por conta
dessa folga gerada pelo superavit primário. A folga, porém, não deve ser utilizada
para aumentar despesa. Esse
esforço de corte deve permanecer", completou.
DÍVIDA LÍQUIDA
No primeiro semestre, a relação entre a dívida líquida
do setor público e o PIB, importante para medir o endividamento do país, caiu de
40,2% para 39,7%.
Para o economista-chefe
da consultoria Prosper,
Eduardo Velho, mesmo tendo cumprido 66% da meta a
economizar neste ano, o governo poderia aproveitar o
momento e fazer um superavit maior para garantir que
essa relação siga caindo.
Ele afirma que há dúvidas
no mercado sobre o cumprimento da meta em 2012,
quando, além de se esperar
uma economia menos aquecida -o que significa menos
pagamento de impostos ao
governo- já existem compromissos importantes, como o reajuste do salário mínimo, que vai impactar o INSS.
"O melhor remédio é diminuir o gasto público, o que é
difícil no ano que vem com o
impacto do salário mínimo o
efeito do ano eleitoral. Além
disso, o mercado já sabe que
a taxa de juros não vai cair em 2012", afirmou.
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