São Paulo, segunda-feira, 30 de agosto de 2010

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ANÁLISE

Senado foi o calcanhar de aquiles do governo Lula

KENNEDY ALENCAR
DE BRASÍLIA

O empenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições para o Senado se deve às derrotas políticas e às críticas incisivas que sofreu nesta Casa do Congresso nos seus dois mandatos.
O Senado foi o calcanhar de aquiles. Lula pagou um preço alto em cargos e verbas para formar maioria numérica que, em crises políticas e na votação de projetos prioritários, nem sempre bancou suas determinações.
Mais: no Senado, foram feitos os discursos mais duros contra Lula e familiares. Ele gostaria de dar o troco.
Por isso, agora prioriza as eleições para o Senado, que terá a renovação de 54 das 81 cadeiras. Essa atenção começou na montagem de candidaturas competitivas do PT e de aliados e continua na propaganda no rádio e na TV (que pede votos ao "time de Lula" para candidatos a deputado e a senador).
O presidente avalia que um eventual governo Dilma Rousseff terá maioria na Câmara. Até o PTB, que apoia o candidato do PSDB, José Serra, e o PP, que não integrou o arco oficial de alianças da petista, já sinalizam que pretendem aderir a ela. No Senado, a batalha é mais complexa.
Para Lula, é estratégico o apoio a candidatos que são suplentes de atuais senadores. Os suplentes, pela posição de menor poder, pois chegam lá devido à ausência do titular, mostram-se mais fiéis ao governo. A maioria deles foi ardorosa defensora em batalhas impopulares.
Com pouca chance de ser eleito, o mineiro Wellington Salgado (PMDB) é exemplo de escudeiro fiel. Na crise do Senado em 2009, quando Lula não abandonou o presidente da Casa, José Sarney (PMDB), Salgado foi mais leal ao Planalto que a bancada do PT. Aloizio Mercadante teve de revogar uma "irrevogável" renúncia à liderança da bancada na votação de abertura de processo contra Sarney no Conselho de Ética.
O plano de Lula é dar a Dilma blindagem contra derrotas em CPIs e votações vitais, como na extinção da CPMF.


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