São Paulo, domingo, 30 de outubro de 2011

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Lula tem câncer na laringe e tratamento começa amanhã

Petista passou por exames em São Paulo, após queixas sobre rouquidão

Segundo médico que cuida do tratamento, chances de cura são excelentes; uma das causas pode ser o fumo

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

O ex-presidente Lula, que acaba de completar 66 anos, foi diagnosticado com um tumor na laringe, após exames feitos no hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
O tratamento, com sessões de quimioterapia, terá início amanhã cedo.
O ex-presidente vinha se queixando de rouquidão e incômodo na garganta. O tumor foi descoberto após exames feitos nos dois últimos dias.
Segundo o oncologista Artur Katz, que está entre os profissionais que atendem Lula, o estado de saúde dele é "muito bom". "Deseja-se que ele possa levar uma vida normal em quantidade e qualidade", afirmou o médico.
Ontem, Lula foi sedado e fez uma endoscopia para retirar material para a biópsia. Ele passou o dia no hospital e, à noite, foi para sua casa, em São Bernardo do Campo.
Os médicos preferiram tratar o câncer com quimioterapia, em vez de fazer uma cirurgia para retirar o tumor.
A Folha apurou que o nódulo tem cerca de 3 cm e está situado acima das cordas vocais. Uma operação para sua retirada teria de ser muito extensa e provavelmente acarretaria prejuízos à voz de Lula, um de seus principais instrumentos como político.

FUMO
De acordo com Katz, uma das causas para o câncer na laringe é o fumo. Ex-fumante de cigarros, Lula gosta de cigarrilhas, hábito que dividia com o seu vice, José Alencar, morto em março deste ano, após lutar por mais de 15 anos contra um câncer.
Os dois também costumavam tomar "uns golos", como dizia Alencar. O álcool é um fator de risco a mais para a evolução da doença.
"As chances de cura são excelentes", garantiu Katz.
O diretor-geral do Centro de Oncologia do Sírio, Paulo Hoff, afirmou que a doença é "perfeitamente tratável".
"Câncer é sempre preocupante, mas se trata de tumor localizado, sem ramificações, e perfeitamente tratável", disse à Folha.
A intenção é que Lula faça o tratamento sem que precise ficar internado. Ele receberá doses de quimioterapia a cada 20 dias e, provavelmente, passará por radioterapia.
Um prognóstico mais definitivo dependerá de como o paciente reagirá à quimio.
Hoff classifica a rouquidão de Lula como "sintoma clássico de câncer de laringe".
Os exames constataram a ausência de metástase, ou seja, de ramificação do tumor original para outros órgãos. Ele também se submeteu a testes cardíacos que não mostraram anormalidades.
Segundo Hoff, Lula fez os exames acompanhado da mulher, Marisa. Partiu do próprio ex-presidente a decisão de não esconder nada sobre a doença. O petista sugeriu que o hospital divulgasse uma nota sobre sua saúde.
Na quinta-feira à noite, durante as comemorações de seu aniversário, Lula queixou-se sobre a garganta ao amigo e médico da família, Roberto Kalil Filho.
Kalil, um dos coordenadores da equipe médica que atende o ex-presidente, sugeriu a realização dos exames.
Após visitar Lula no hospital, o ministro Guido Mantega (Fazenda) contou que ele usava máscara de oxigênio, mas perguntou baixinho se o ministro estava bem.
"Dona Marisa, Lula estão tranquilos, confiantes, porque o problema tem cura".
A presidente Dilma também foi vítima de um câncer, descoberto em 2009, e foi tratada pela mesma equipe médica de Lula. Ela se declarou oficialmente livre do câncer linfático em 2010.
Dois irmãos de Lula já morreram de câncer: Marinete Leite Cerqueira da Silva, 72, com câncer de pulmão, e João Inácio da Silva Neto, 41, que teve tumor no ouvido.

Colaboraram MARIANA SCHREIBER, GIULIANA MIRANDA, CRISTINA MORENO DE CASTRO, JULIANA VINES E TATHIANA BARBAR , de São Paulo



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