São Paulo, segunda-feira, 31 de janeiro de 2011 |
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Furnas pressionou BNDES em prol de sócio suspeito Banco desaprovou participação de empresa e vetou financiamento de hidrelétrica Presidente de Furnas pediu que situação fosse "equacionada'; negócio é alvo de dossiê que chegou ao Planalto HUDSON CORRÊA DO RIO Furnas pressionou o BNDES em 2008 pela liberação de um empréstimo de R$ 587,9 milhões para a construção de uma hidrelétrica no interior de Goiás em sociedade com uma empresa considerada suspeita pelos técnicos do banco. O BNDES suspendeu a assinatura do contrato de financiamento após Furnas incluir entre os sócios do empreendimento a Companhia Energética Serra da Carioca. Além de considerá-la com um "conceito cadastral ruim", técnicos do banco ressaltaram em relatório interno obtido pela Folha a existência de investigações contra diretores da empresa. O BNDES só liberou o financiamento depois que a empresa saiu do negócio. Dossiê enviado pelo petista Jorge Bittar ao Palácio do Planalto acusa Furnas de beneficiar a Serra da Carioca em uma operação financeira que teria causado prejuízo à estatal do setor elétrico. Furnas abriu mão da opção de compra de ações por R$ 6,9 milhões, mas sete meses depois comprou da Serra da Carioca os mesmos papéis por R$ 80 milhões. No dossiê, o prejuízo é atribuído ao grupo do deputado federal Eduardo Cunha, responsável pela indicação do presidente de Furnas. Cunha nega. Quinta-feira, procurada pela Folha, Furnas disse que desconhecia a suspensão do financiamento. No entanto, documentos mostram que a estatal tentou reverter a decisão, em prol da manutenção da Serra da Carioca. Em carta de março de 2008, o então presidente de Furnas, Luiz Paulo Conde, nomeado por influência de Eduardo Cunha, pede ao presidente do BNDES, Luciano Coutinho, "apoio" para o "equacionamento dessa gravíssima situação". No documento, Conde diz que Furnas pode desistir do negócio e queixa-se que técnicos do banco propuseram a substituição da empresa sem "qualquer justificativa". No pedido de financiamento aprovado em 2007, um dos sócios da hidrelétrica era a empresa Oliveira Trust. Três meses depois, sua participação foi comprada pela Serra da Carioca. Ao menos um aliado de Eduardo Cunha tem ligações com a Serra da Carioca. Trata-se de Lutero de Castro Cardoso, ex-presidente da Cedae (Companhia de Águas e Esgotos do Rio), indicado pelo cargo pelo aliado. Segundo documentos da Junta Comercial de São Paulo, Cardoso era um dos diretores da Gallway Empreendimentos e Participações Ltda., que detinha parte das ações da Serra da Carioca. Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Outro lado: Objetivo era evitar atrasos, afirma estatal Índice | Comunicar Erros |
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