São Paulo, quinta-feira, 31 de março de 2011 |
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ANÁLISE Governador passa incólume pelos problemas tucanos Apesar de turbulências, aprovação mostra que figura de Alckmin foi preservada HÁ CASOS EM QUE O MANDATÁRIO PAULISTA ESTÁ DISTANTE, E QUESTÕES PARTIDÁRIAS QUE NÃO INTERESSAM À POPULAÇÃO CLÁUDIO GONÇALVES COUTO ESPECIAL PARA A FOLHA Os três meses iniciais do governo do tucano Geraldo Alckmin foram marcados por uma série de pequenas turbulências, mas, a despeito delas, sua administração obteve excelente avaliação na pesquisa Datafolha divulgada no dia 21, superando o que tinham alcançado seus antecessores em igual período. A aprovação popular indica que os percalços encontrados não foram suficientes para abalar uma percepção positiva de seu mandato. Essa situação é explicável por duas condições: enquanto alguns problemas passam distantes da pessoa do governador, outros circunscrevem-se ao âmbito das disputas partidárias -tema que importa muito pouco ao cidadão comum. DIFICULDADES À primeira condição correspondem dificuldades inerentes à atuação de funcionários do governo e conflitos com a burocracia pública. É o caso da crise da Secretaria de Segurança Pública, na qual o chefe da pasta decidiu comprar uma briga com a suposta banda podre da polícia e, consequentemente, passou a sofrer retaliações. É o tipo de confronto que, mesmo causando estresse no curto prazo, tende a dar frutos no futuro. Pode-se esperar algo parecido em breve no Detran, repartição na qual a nomeação do ex-superintendente do Poupatempo Daniel Annenberg deve ter causado muita apreensão na burocracia e nos despachantes. CONFLITOS À segunda condição correspondem os conflitos intrapartidários no ninho tucano, entre serristas e alckmistas, e as tensões no interior da coalizão governamental, com a ida do vice-governador Afif Domingos para a nova agremiação fundada por Gilberto Kassab, abandonando o barco do DEM. O reflexo mais tangível desses conflitos no governo de São Paulo é a substituição de secretários e funcionários de alto escalão, alguns dos quais rumaram dos Bandeirantes para o Banespinha (sede da Prefeitura de São Paulo), tornando nítido o quanto a fissura interna do PSDB paulista se reflete na mudança mais ampla por que passa o sistema partidário, com a criação do PSD. Essa mudança restringe a liberdade de Alckmin em seus futuros planos eleitorais, já que passa a ter no vice um potencial adversário dentro de seu próprio campo, mas não afeta de forma relevante o dia-a-dia de seu governo. CLÁUDIO GONÇALVES COUTO, cientista político, e professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (EAESP-FGV). Texto Anterior: 3 meses de saias justas Próximo Texto: Foco: Telão mostra uso de software "não genuíno" na Assembleia Índice | Comunicar Erros |
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