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Aliados cobram mais poder de decisão no governo Dilma
Com Palocci enfraquecido, Michel Temer quer maior participação e cargos
Além de Lula, ministros aconselham presidente a fazer concessões a aliado e tratar melhor o vice para conter crise
NATUZA NERY
ANA FLOR
MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA
Aliados de diferentes partidos aconselharam a presidente Dilma Rousseff a trazer
o vice-presidente Michel Temer (PMDB) para o centro
das decisões do governo e retomar discussões com os
peemedebistas sobre cargos
no segundo escalão.
Essa seria, segundo visão
predominante, a melhor forma de tentar contornar a crise aberta com o enfraquecimento do ministro da Casa
Civil, Antonio Palocci.
A pressão por mudanças
não vem só do PMDB, sócio
preferencial da coalizão governista e o maior insatisfeito
com a maneira como o governo dialoga com sua base.
Ministros e o próprio ex-presidente Lula aconselharam a petista a fazer mais
concessões aos aliados e a
tratar melhor seu vice.
Ontem, Dilma transmitiu o
cargo a seu vice antes de viajar para o Uruguai. Uma foto
oficial do encontro, tirada na
base aérea, foi divulgada
com o objetivo de desfazer a
ideia de que PT e PMDB não
se entendem.
Em entrevista à Folha no
sábado, Temer disse que iria
tirar uma "foto sorridente"
com Dilma na base aérea.
O retrato divulgado pela
Presidência mostra, porém,
um encontro bem mais formal do que ele sugerira.
Palocci perdeu força como
o principal articulador político do governo depois que a
Folha revelou que ele enriqueceu fazendo negócios como consultor nos quatro
anos em que também exerceu o mandato de deputado
e quando chefiou a campanha de Dilma à Presidência.
A crise fez o governo sofrer
uma derrota séria na semana
passada, na votação do novo
Código Florestal, que levou
PT e PMDB para lados opostos na Câmara.
Uma discussão sobre a votação entre Temer e Palocci
revelou que a crise em curso
tem feições mais dramáticas
do que se supunha. Na conversa, com testemunhas,
não faltaram troca de ofensas e até uso de palavrões.
Em reunião para discutir
os conflitos agrários no país,
Temer afirmou ontem que os
atritos com Palocci "ficaram
no passado". O presidente
do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), disse mais tarde
que na democracia é "preciso harmonizar conflitos".
Por sugestão do ministro
Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência,
Temer foi escolhido para
chefiar o grupo interministerial criado para administrar
conflitos no campo.
Desde a posse de Dilma,
Temer tem participado das
reuniões da coordenação,
mas raramente conversa
com a presidente a sós. Ele
não consegue contratar um
assessor sem precisar do
aval de Palocci, gerente da
Esplanada dos Ministérios.
Durante viagem de Dilma
à China, em abril, Temer reuniu ambientalistas e ruralistas para discutir o projeto do
novo Código Florestal. Depois do regresso da presidente, o vice nunca mais foi chamado para debater o tema.
Antes de ser vice, Temer
foi três vezes presidente da
Câmara, justamente o palco
da derrota na votação do
projeto. É também vice-presidente licenciado do PMDB,
legenda em que a bancada
ruralista é muito influente.
A presidente promete fazer nos próximos dias gestos
para afagar seu vice e o
PMDB. Amanhã, ambos receberão em almoço os senadores da bancada. Ontem à
noite foi a vez do próprio Temer se reunir com a bancada
peemedebista da Casa.
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