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ANÁLISE OPOSIÇÃO
Conselho será novo foco de disputa entre Aécio e Serra
Falta de maioria clara e indefinição sobre estrutura devem gerar atrito
VERA MAGALHÃES
DE SÃO PAULO
O Conselho Político do
PSDB, órgão que já existia na
estrutura do partido, mas
que agora foi repaginado para acomodar José Serra, tem
tudo para ser o próximo foco
de disputas no partido.
Desde a composição até a
indefinição sobre orçamento
e estrutura do novo órgão,
passando pelas suas atribuições, tudo foi feito de modo a
suscitar novas quedas de
braço entre Serra e Aécio Neves, hoje os dois polos que
duelam pelo poder.
Em primeiro lugar, está
clara na redação do artigo
que prevê os novos poderes
do conselho que ele só emitirá juízos quando "provocado" pela Executiva tucana.
Vamos supor que, em nome da conciliação interna, o
presidente Sérgio Guerra resolva mesmo delegar ao novo órgão a missão de definir
sobre política de alianças,
processo de escolha de candidatos e eventuais fusões ou
incorporações partidárias,
como diz a nova resolução.
Ainda assim, nada garante
que a opinião de Serra vá prevalecer no colegiado.
O número de membros escolhidos (6) é ingrato para
que se decida algo no voto.
Diante desse argumento, os
responsáveis por sua criação
dizem que a ideia é que o
conselho se reúna e extraia
decisões consensuais, sem
necessidade de votar.
Além de Serra, os outros
cinco integrantes do conselho são Aécio, Guerra, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os governadores Geraldo Alckmin (SP) e Marconi Perillo (GO).
O único alinhamento automático aí, na atual configuração dos interesses tucanos,
se dá entre Guerra e Aécio.
Alckmin tem oscilado como um pêndulo, compondo
ora com seu antecessor, ora
com o mineiro. Perillo atuou
para prestigiar Serra na atual
disputa, sugerindo o conselho, mas tem boa relação
com Aécio.
E FHC, como se sabe, embora historicamente ligado a
Serra, gosta de pairar acima
das picuinhas internas, agindo quando chamado para
apagar incêndios eventuais.
No dia da convenção, Serra disse que o novo órgão teria orçamento próprio. Acontece que isso não está no texto redigido no dia do acordo
nem no horizonte da Executiva tucana, que trata de lembrar que não existe dotação
para conselhos na Lei Geral
dos Partidos.
Nos temas destinados à
apreciação do novo órgão, há
divergências já conhecidas
entre Serra e Aécio. No passado, ambos divergiram sobre
a realização de prévias para
presidente -o mineiro era favorável; o paulista, contra.
Mais recentemente, Aécio
propugnou uma fusão de
partidos de oposição que Serra já tratara de descartar.
Diante de tantas limitações operacionais e de profundas divergências programáticas, Serra terá de agir logo para evitar que a função
de que foi investido não se
mostre apenas um cargo honorífico -preocupação que o
próprio ex-presidenciável
externou mais de uma vez.
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