São Paulo, domingo, 31 de julho de 2011

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Demitido, irmão de Jucá acusa ministro

Oscar Jucá Neto diz que "só tem bandido" na Agricultura, pasta comandada por Wagner Rossi, e que Conab é pior que Dnit

Ministro do PMDB nega oferta de propina a ex-diretor da Conab e diz que enviará suspeitas aos órgãos competentes

Ruy Baron/Valor/Folhapress
Ministro Wagner Rossi, que nega acusação de Oscar Jucá

DE BRASÍLIA

Demitido da Conab, o administrador Oscar Jucá Neto afirmou, em entrevista à revista "Veja" desta semana, que no órgão e no Ministério da Agricultura "só tem bandidos" e "corrupção". Ele disse ainda que o ministro Wagner Rossi (PMDB-SP) teria lhe oferecido propina em troca de seu silêncio.
Jucá Neto é irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e era diretor financeiro da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento, responsável por criar políticas e estimular o mercado agrícola no país).
Ele foi afastado do cargo na última semana após ter seu nome envolvido na liberação de um pagamento irregular de R$ 8 milhões.
Na entrevista, diz que "a Conab é pior do que o Dnit (departamento dos Transportes envolvido em suspeitas de corrupção)". "Se eu fosse presidente da República, demitiria todo mundo lá".
Dois casos de supostas irregularidades são citados: a venda de um terreno da Conab por um preço abaixo do estimado e o pagamento de dívidas a uma empresa por parte do órgão.
O valor, neste último caso, teria sido elevado de R$ 14 para R$ 20 milhões. A diferença iria para propinas.

MINISTRO NEGA
Wagner Rossi disse à Folha que as "acusações são falsas" e que as suspeitas serão encaminhadas a órgãos competentes. "E se tiver necessidade de investigações, não vou me opor".
À "Veja", Jucá Neto contou que Rossi o chamou para anunciar seu afastamento e sugeriu que ele pensasse na em uma mudança de cargo: "Disse num tom enigmático: "Fica tranquilo que você vai participar de tudo'". Neto interpretou a frase como oferta de "dinheiro por fora".
Questionado se falava sobre propina, completou: "É, para eu ficar quieto".
Jucá Neto acusa a existência de um "consórcio" entre PTB e PMBD para controlar o Ministério e obter dinheiro.
Ontem, Rossi frisou que Neto não fez os relatos quando era da Pasta e que todas as informações sobre processos citados são disponíveis.
Em nota divulgada pelo Ministério da Agricultura, disse: "Desde que passei a tomar medidas saneadoras e promovi mudanças administrativas, sabia do risco de desagradar pessoas e sofrer retaliações injustas. Como acontece agora".


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