São Paulo, terça-feira, 31 de agosto de 2010

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JANIO DE FREITAS

A missão de Serra


O problema imediato do tucano deixou de ter alvo federal e âmbito nacional para restringir-se a SP


JOSÉ SERRA tem razão ao dizer, como fez a empresários (ou doadores), que a disputa eleitoral não está encerrada, mas a recomendação que recebe das pesquisas, como político, não tem a ver com campanha pela Presidência.
O problema imediato de Serra deixou de ter alvo federal e âmbito nacional para restringir-se aos limites estaduais de São Paulo. Onde não estão localizadas as pretensões de sua vida pública e nem sequer o candidato do PSDB precisa do seu apoio para liderar, até agora, a corrida ao governo paulista.
A arena para uma batalha primordial de Serra está em São Paulo, se considerada a hipótese mais plausível de que a derrota para a Presidência, caso ocorra, não anule suas já longas ambições na vida pública.
Recente ex-governador do Estado e ex-prefeito da capital, Serra deixa seu futuro político sob riscos extremos se perder em casa para Dilma Rousseff, que já o ultrapassou, contra todas as previsões, em cinco pontos apurados pelo Datafolha da semana passada.
Serra correu grande risco, e superou-o com muita sorte, ao precipitar a saída da prefeitura paulista e entregá-la à incógnita - incógnita na melhor hipótese- Gilberto Kassab.
A possibilidade de desastre era grande, mesmo estando o novo governador com os cordões de controle da prefeitura à distância, e o ônus seria devastador. Não só para o exercício do governo estadual, mas sobretudo para o verdadeiro projeto, a candidatura à Presidência. Foi tanta a sorte de Serra, que nem o PT lhe cobrou o compromisso formal de não abandonar a prefeitura, onde, afinal, ficou pouco mais de um ano.
Ainda que vencesse agora em outros Estados importantes, Serra estaria próximo de um abismo político em caso de derrota no seu próprio Estado. Tanto mais se o PSDB e Geraldo Alckmin confirmarem a conquista do governo paulista, indicando que a rejeição seria ao candidato à Presidência.
Recuperar-se em São Paulo parece vital para o político José Serra.

NO LUCRO
Entre os muitos efeitos da imprevista ultrapassagem de Dilma sobre Serra em São Paulo, está o ganho indireto que cai nas mãos de Aécio Neves. Até algumas semanas atrás, ouvia-se e lia-se que a dificuldade de Serra na campanha decorria, em grande parte, da insuficiência do seu desempeno em Minas. Quando ultrapassado também lá por Dilma, Aécio tornou-se culpado para uns, esperança de recuperação para outros serristas.
Ao primeiro "até em São Paulo ele está perdendo", e a justificativa não precisou ser de sua autoria, Aécio Neves recebeu um álibi que silenciou as cobranças acusatórias ou esperançosas.

SÓ ISSO
Mesmo dia, a última sexta. No Rio: dois capitães da PM, de apenas 33 anos, são presos em flagrante no roubo, com um grupo de marginais, de cabos telefônicos de cobre em Botafogo. Em São Paulo: uma delegada, uma perita, um investigador e um sargento da PM são presos sob acusação de explorar o jogo ilegal.
Há um motivo para esses fatos similares em São Paulo e Rio. É que os outros Estados estão fora do noticiário.


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