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PF acusa Incra de MS de fraudar reforma agrária
Operação prende o superintendente e mais 19 suspeitos de desviar lotes
Esquema impediu que mais de 400 famílias habilitadas recebessem terrenos a que tinham direito, diz investigação
RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ
Lotes da reforma agrária
em Mato Grosso do Sul eram
reservados por meio de fraudes a líderes de movimentos
sociais, vendidos a terceiros
e, com a conivência de servidores do Incra, utilizados como ranchos de lazer e pesca.
Essas foram apenas parte
das várias irregularidades
apontadas pela Polícia Federal após quase oito meses de
investigação sobre projetos
coordenados pela superintendência regional do Incra.
A PF prendeu ontem 20
suspeitos de integrar o suposto esquema que, segundo
o Ministério Público, causou
prejuízo de R$ 62 milhões.
Entre os presos está o superintendente regional do
Incra, Waldir Cipriano Nascimento (no cargo há pouco
mais de um ano), servidores
federais, empresários e líderes de movimentos sociais da
região de Itaquiraí (MS).
O procurador Marco Antônio Delfino de Almeida disse
que as irregularidades envolvem principalmente lotes
destinados a assentados da
Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura).
Foi identificado ainda o direcionamento irregular de lotes a assentados da CUT e à
FAF (Federação da Agricultura Familiar de MS).
"O processo de seleção das
famílias beneficiárias, uma
atribuição do Incra, foi delegado a movimentos sociais,
que passaram a entregar listas prontas. Esse apoderamento é o cerne das irregularidades", disse Almeida.
Segundo a Procuradoria, a
suposta quadrilha fraudou o
sorteio de 497 lotes em assentamentos do complexo Santo
Antônio, em Itaquiraí.
O número representa quase um terço do total de lotes
(1.236) criados após investimento de R$ 130 milhões nos
projetos: "Os melhores lotes
não foram sorteados, ficando
reservados aos líderes dos
movimentos sociais".
A fraude prejudicou 425 famílias que não receberam
seus lotes. A PF flagrou a
venda de lotes que eram "regularizados", mediante propina, por servidores do Incra.
Dentre eles, vários eram usados como "sítios de lazer".
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