São Paulo, terça-feira, 31 de agosto de 2010

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Última edição impressa do "JB" circula hoje

Dívidas levaram ao fim do diário, de 119 anos; marca será mantida em versão on-line

MARCELO BORTOLOTI
DO RIO

A última edição impressa do "Jornal do Brasil", um dos mais antigos diários do país, circula hoje. A partir de amanhã, o jornal terá apenas uma versão on-line.
Criado em abril de 1891 pelo escritor Rodolfo Dantas, o "JB" ajudou a definir os rumos da imprensa brasileira.
Por sua Redação passaram jornalistas como Janio de Freitas, Marcos Sá Corrêa e Zózimo Barroso do Amaral, além de escritores que assinavam colunas regulares, a exemplo de Manuel Bandeira, Clarice Lispector e Carlos Drummond de Andrade.
O jornal vivia há décadas em crise financeira, com dívidas trabalhistas crescentes e queda na circulação.
Atualmente, na gestão do empresário Nelson Tanure, que arrendou o uso da marca por 60 anos, tinha dificuldade para manter seu custo operacional (cerca de R$ 3 milhões por mês) diante da queda na circulação e de um passivo estimado em R$ 100 milhões em dívidas.
Tanure já tinha feito outras incursões pela mídia. Em 2002, comprou os direitos de publicação da revista "Forbes", no Brasil, que um ano depois rompeu o contrato.
Em 2003, arrendou o jornal econômico "Gazeta Mercantil", que também tinha grande passivo e deixou de funcionar no ano passado.
Em 2008, o "Jornal do Brasil" tinha uma tiragem média de 95 mil exemplares diários. Este ano, caiu para 20 mil.
Tanure não quis comentar o fim da circulação.
Para a versão digital, o jornal pretende manter uma equipe de 150 jornalistas e profissionais da área comercial e administrativa.
Em comunicado a seus leitores, o jornal diz que se tornará o primeiro veículo 100% digital do país. A versão on-line para assinantes custará R$ 9,90 mensais.
Hoje, ao meio-dia, no centro da cidade, o Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro fará um ato contra o fim da versão impressa, com a participação de ex-funcionários do "JB".

HISTÓRIA
O jornal nasceu como um veículo monarquista em pleno regime republicano. Chegou a ser empastelado no primeiro ano por sua cobertura favorável a D. Pedro 2º. Nessa época, tinha em seus quadros nomes como Joaquim Nabuco e Rui Barbosa.
Em 1959, realizou uma revolucionária reforma gráfica e editorial. Além da diagramação mais limpa e moderna, passou a trazer um noticiário claro e objetivo.


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