São Paulo, quarta-feira, 31 de agosto de 2011

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Presidente diz esperar "juros cadentes"

Após anunciar economia maior para pagar dívida, Dilma afirma que governo abriu espaço para corte na taxa

Expectativa do Palácio do Planalto é que BC indique, após reunião hoje, disposição para reduzir os juros logo

DE BRASÍLIA
DO ENVIADO A CUPIRA E GARANHUNS (PE)


Embora guarde poucas expectativas sobre uma redução da taxa básica de juros hoje, a presidente Dilma Rousseff espera ao menos que o BC (Banco Central) sinalize sua disposição em fazer um corte em outubro.
Ontem, ela afirmou que o aumento da poupança do governo para o pagamento da dívida pública abre caminho para a queda na taxa, atualmente em 12,5% ao ano.
"Queremos que, a partir deste momento, comecemos a ter no horizonte a possibilidade de redução de juros no Brasil", afirmou Dilma a rádios de Pernambuco.
Segundo a Folha apurou, o Palácio do Planalto espera que o BC sinalize que pretende iniciar em breve um ciclo de alívio nos juros. A taxa vem sendo elevada desde janeiro, como estratégia para desacelerar a economia e combater a inflação.
A sinalização poderia vir hoje, na breve nota que é divulgada após a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que fixa o juro.
Ou então, na ata do encontro que explicará as razões da decisão, na semana que vem.
Dilma afirmou a interlocutores que o governo fez sua parte ao elevar em R$ 10 bilhões a meta fiscal do governo na última segunda-feira. Os recursos virão de uma arrecadação maior.
Ao optar por não liberar esse montante extra para gastos de ministérios, a presidente espera que o BC responda ao aceno em breve.
Ministros e técnicos disseram à Folha que o anúncio sobre o aumento da meta foi milimetricamente calculado.
O objetivo era que ele ocorresse antes da reunião do BC.
Os mais céticos integrantes da equipe de Dilma não veem chances de um corte agora na taxa por conta da pressão inflacionária prevista para setembro. Os mais otimistas acham que há espaço.
As manifestações da presidente sobre os juros insinuam tolerância a uma eventual manutenção da Selic hoje. Mas indicam, por outro lado, que a paciência tende a ser menor no médio prazo.
Dilma está convencida de que tem nas mãos a chance de inverter a lógica da política econômica e, por meio do controle fiscal, induzir o BC a iniciar a queda nos juros.
"Eu não posso dizer quando nós vamos ter isso, mas eu te asseguro que nós abrimos o caminho, nós queremos que os juros sejam cadentes, que comecem a cair", afirmou, no Nordeste.
Uma frase do ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) resumiu o pensamento que predomina na Esplanada: o ambiente fiscal permite redução nos juros, "se não agora, em um futuro próximo".
Nos bastidores, o PT e os movimentos sociais, que formam a base eleitoral mais sólida do governo, veem o aperto fiscal como aposta de risco, pois deixa o sucesso da medida nas mãos do BC.
Tanto que grupos de apoio ao governo já avisaram: o Planalto terá de administrar motins e até reclamações públicas se o Copom não se seduzir, rapidamente, com a mensagem do governo.
Nesse caso, o clima de tensão visto em 2003 seria reeditado. À época, o Ministério da Fazenda, ocupado por Antonio Palocci, virou alvo de fogo amigo, enquanto Lula era poupado. Dilma, dizem, não seria tão preservada. (NATUZA NERY, VALDO CRUZ e FÁBIO GUIBU)


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