São Paulo, quarta-feira, 31 de agosto de 2011

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Deputados absolvem Jaqueline Roriz por 265 votos contra 166

Jaqueline foi filmada recebendo dinheiro do mensalão do DEM e admitiu que recursos iam para caixa 2 de campanha

Deputados temiam que condenação abrisse um precedente para punir delitos anteriores a mandatos na Câmara

MARIA CLARA CABRAL
DE BRASÍLIA

A deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF) foi absolvida ontem pelos seus colegas no plenário da Câmara. Houve 166 votos favoráveis à sua cassação, 265 contrários e 20 abstenções.
Para ter perdido o mandato pelo menos 257 dos 513 deputados precisariam ter votado a favor da cassação. Ela foi a primeira parlamentar a ser julgada por este Congresso -os deputados e senadores tomaram posse em fevereiro.
Jaqueline é filha do ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz, que em 2007 renunciou ao Senado após suspeitas de irregularidades no BRB (Banco de Brasília).
Em 2006, Jaqueline foi filmada recebendo dinheiro de Durval Barbosa, que delatou o mensalão do DEM do Distrito Federal. Na época, ela era candidata a deputada distrital. Essa gravação só foi divulgada em março deste ano, quando ela já estava no cargo de deputada federal. Ela admitiu que o dinheiro era para caixa dois de campanha.
O caso do mensalão do DEM é o mesmo que levou o ex-governador do DF José Roberto Arruda para a cadeia. Em denúncia contra a deputada, o Ministério Público do DF disse que o dinheiro tem origem ilícita e foi entregue por Durval a Jaqueline "a mando de Arruda" em retribuição por "apoio político".
Depois disso, o PSOL entrou com processo pedindo a cassação de Jaqueline no Conselho de Ética da Câmara. O colegiado decidiu por 11 votos a 3 recomendar a cassação da deputada, enviando o processo para o plenário.
Em seu discurso de defesa ontem, a deputada nem citou o vídeo. Disse apenas que é vítima da mídia, "que destrói a honra de qualquer um".
Ela também criticou o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que, na semana passada, apresentou um parecer pela abertura de ação penal contra ela.
"Alguns paladinos da ética, alguns parlamentares e integrantes do Ministério Público, por interesses políticos, tentam influenciar os senhores. O procurador me denunciou sem nem ouvir o meu lado." Ela também responde a inquérito no STF.
A votação reflete um medo dos deputados. Segundo a Folha apurou, eles temiam que, se a cassação fosse aprovada, o caso criaria um precedente perigoso, abrindo a possibilidade de que qualquer fato anterior ao mandato dos deputados fosse passível de punição.
Ela também foi beneficiada pela votação secreta. Uma emenda que abre o voto em sessões de perda de mandato está parada na Câmara.


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