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ANÁLISE
Acirramento e placar abaixo de 60% fazem 2010 remeter a 1989
ELEIÇÃO INÉDITA,
SEM LULA COMO
CANDIDATO, TEVE
O PRÓPRIO LULA
COMO CONDUTOR,
AO PASSAR SEUS
VOTOS A DILMA
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MAURO PAULINO
DIRETOR DO DATAFOLHA
ALESSANDRO JANONI
DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA
O eleitor define hoje uma
das corridas presidenciais
mais disputadas do período
pós-redemocratização. Nas
duas últimas edições, 2002 e
2006, Lula venceu com folga
o segundo turno. O atual ocupante do cargo conseguiu em
ambas as ocasiões mais de
60% dos votos válidos.
Em 1994, com uma trajetória até parecida com a de Dilma Rousseff no primeiro turno, Fernando Henrique Cardoso, então ministro da Fazenda de Itamar Franco, começou a disputa atrás de Lula, mas apresentou crescimento contínuo após a implantação do Plano Real e
acabou por liquidar a fatura
sem a necessidade de prorrogação da disputa.
Em 1998, na briga pela reeleição, FHC liderou o quadro
ao longo de todo o processo e
também fechou a eleição no
primeiro turno. Naquele ano,
o único momento em que viu
Lula ameaçar seu favoritismo foi durante repercussão
de uma declaração infeliz sobre aposentados.
Das eleições presidenciais
desse período, a única que
bate 2010 em acirramento é a
de 1989. Collor chegou a abrir
dez pontos de vantagem sobre Lula no total das intenções de voto. Os dois candidatos ficaram tecnicamente
empatados na véspera.
Collor venceu a eleição
com 53% dos votos válidos,
taxa próxima à obtida por
Dilma um dia antes do pleito.
Confirmada a tendência, o
continuísmo é a marca da vitória petista. De acordo com
os dados divulgados hoje, a
grande maioria de seus eleitores espera que a criatura siga os passos de seu criador.
A primeira eleição para
presidente sem Lula teve o
próprio como protagonista.
O Datafolha desde dezembro de 2009 mediu o potencial de transferência de votos
do presidente para sua pupila. Acompanhou a disseminação do conhecimento sobre Dilma nesse estrato e
identificou seu perfil dominante -menos escolarizado,
mais pobre e nordestino.
Detectou também os limites de transferência de votos
proveniente desse apoio. A
partir do crescimento de Marina Silva, acenou com a possibilidade de segundo turno
no momento em que alguns
esperavam um triunfo antecipado do governo.
No segundo turno, o instituto acompanhou a estabilidade do cenário eleitoral, reflexo da inadequação do debate à demanda do eleitorado. Com o foco equivocado
em religião e aborto, a oposição poupou o governo e Dilma de prestarem contas em
áreas mais valorizadas pela
população, como saúde, segurança e educação.
A pobreza do discurso político e a incapacidade dos
candidatos de se comunicar
com os eleitores ficam como
uma marca desta eleição. Isso, por outro lado, explica
parte do sucesso de Lula.
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