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Carlos Gilberto Carlotti Junior, 52

Quero ser um ministro das relações externas

Novo diretor da faculdade de medicina de Ribeirão Preto quer aproximar os médicos da realidade da população

DANIELA SANTOS DE RIBEIRÃO PRETO

Ser um ministro de relações externas e firmar acordos com Estado, município e outros agentes externos para levar o estudante de medicina à realidade da população.

Apesar de ter sido alvo de protestos dos estudantes, que foram contra sua escolha, é assim que o neurocirurgião Carlos Gilberto Carlotti Junior, 52, quer atuar nos próximos quatro anos à frente da FMRP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto).

Filho de pai dermatologista e mãe professora, Carlotti sofreu influência familiar na escolha profissional. Desde o primeiro ano de faculdade até a direção da escola, "são 35 anos de estudo e dedicação", como diz o ex-diretor da FMRP, Fábio Leite Vichi.

Os alunos da medicina protestaram pelo fato de Carlotti ter sido nomeado pela reitoria da USP diretor da FMRP, apesar de ter ficado em segundo lugar em votação feita na faculdade. Eles queriam que o diretor fosse o primeiro da lista, Luiz Ernesto de Almeida Troncon. A escolha da reitoria está, no entanto, prevista no estatuto da USP.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

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Folha - Como novo diretor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, quais serão as suas prioridades?

Carlos Gilberto Carlotti Júnior - A faculdade é muito complexa. Temos sete cursos de graduação, 20 programas de pós-graduação, 1.300 alunos de graduação e outros 1.400 de pós. Existe todo um complexo hospitalar que é ligado ao HC (Hospital das Clínicas), que é da FMRP. É difícil priorizar. O foco é atingir toda a estrutura.

E os principais projetos?

Quero equilibrar as diferentes ações que a faculdade tem (ensino, pesquisa, assistência e extensão). Vou reforçar a importância da graduação e expandir o diálogo com os órgãos externos da faculdade. Quero uma maior interação com a prefeitura, através da Secretaria Municipal da Saúde, com o Estado, por meio da Secretaria de Estado, com as outras faculdades de medicina e com o CRM (Conselho Regional de Medicina). Não tem como formarmos médicos que não conheçam a realidade da população, que é o nosso maior "cliente". Por isso, vou ser um ministro de relações externas.

O que falta hoje para o curso de graduação?

Precisamos melhorar a qualidade das disciplinas para adaptá-las à realidade, melhorar o material que é ofertado aos alunos, disponibilizar novas metodologias de informática, como aulas gravadas, para que o aluno não perca muito tempo dentro de sala de aula com conteúdo teórico. Essa é uma tendência mundial, diminuir o número de horas teóricas em sala de aula e aumentar as atividades práticas.

E com relação aos professores, o que será feito?

Precisamos valorizar os docentes para progressão de carreira. Os professores precisam ser compensados por ações que façam na graduação. Exemplo: um docente que introduza um novo método de avaliação, que não existia, precisa ser reconhecido. Hoje não é. O professor que se dedica à graduação tem a impressão de que o trabalho não está sendo bem visto. Isso precisa mudar.

Qual é o orçamento da faculdade de medicina? É suficiente para todos os projetos?

Hoje a USP vive um bom momento financeiro. Nós temos tido apoio financeiro nos últimos anos da reitoria para implementar várias medidas. Por exemplo, temos um prédio para ser iniciado nos próximos três meses -um custo de R$ 60 milhões para acomodar todos os departamentos básicos da faculdade. Os departamentos que ficam no prédio central da USP vão sair para um prédio moderno.

Para as outras atividades, o orçamento que temos é suficiente. Este ano, o orçamento da FMRP é de R$ 183 milhões. No ano passado, as agências de fomento colocaram mais R$ 46 milhões, representando 30% dos R$ 156,7 milhões [do orçamento de 2012].

Existe alguma preocupação que o assombra?

Sim. No ano passado, o governo federal criou o Provab (Programa de Valorização de Atenção Básica), que prevê que médicos recém-formados passem dois anos em locais carentes estipulados pelo governo. As condições são salários de R$ 8.000 e benefício de até 20% somado ao resultado da prova de residência médica.

Em dois anos, o impacto disso vai ser assustador. Vamos ter bons médicos saindo da faculdade direto para a residência, que vão enfrentar problemas de colocação por causa de alunos que acumularam pontos no programa.

O que poderia ser feito para que, no futuro, os estudantes que não passam pelo Provab não sejam prejudicados?

Quero discutir a questão com as universidades de todo o Estado, para ver qual a postura delas frente a esse exame. Temos de tentar algum tipo de negociação com o governo federal.

Sobre a manifestação dos universitários durante toda a semana, qual a sua opinião?

O processo eleitoral da USP, desde 1988, é muito próximo da Constituição federal e prevê que a eleição seja feita por meio da escolha pela comunidade com uma lista tríplice. A escolha final cabe ao reitor. Eu acho democrático.

Não sou um professor desconhecido, sem experiência, que o reitor fisgou no meio do nada. Fui diretor clínico do HC, presidente da comissão de pós-graduação, substituto do pró-reitor da USP. Isso me deu experiência para postular a indicação.


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