Câmara tende a desistir de CPI da Cohab

	Edson Silva/Folhapress
	Vista do Salão Nobre, na Prefeitura de Ribeirão Preto, durante o pronunciamento da prefeita Dárcy Vera (PSD), ontem

O discurso inflamado da prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), pode surtir ao menos um efeito de imediato: o engavetamento da proposta de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que está em discussão na Câmara da cidade.

Além do pronunciamento em si, o fato de a prefeita ter dito que colocará documentos "à disposição" do Legislativo virou argumento para que os vereadores -ao menos os da base aliada- possam justificar a desistência da ideia de abrir a CPI.

O discurso da prefeita foi acompanhado pela maioria dos parlamentares governistas, ontem de manhã.

Logo após o evento, Walter Gomes (PR), que inicialmente havia proposto uma CEE (Comissão Especial de Estudos), mas depois mudou de ideia e disse que era caso para CPI, agora, com Dárcy Vera diretamente envolvida nas investigações, disse acreditar que a CEE é a melhor opção.

"Nós vamos ver o que é melhor para acompanhar o caso, mas CPI não é [a melhor opção] porque tem de analisar um único fato a ser determinado. Por isso, acredito que o melhor caminho seja uma CEE. Ainda vamos definir isso", afirmou.

Ao lado de Walter, na prefeitura, estava o vereador Cícero Gomes da Silva (PMDB), que também afirma defender uma apuração sobre o caso, mas tem ressalvas sobre a CPI. Na semana passada, ele disse que uma Comissão Parlamentar de Inquérito remete a casos de corrupção, o que é "ruim para a prefeitura", na avaliação dele.

Em resumo, uma CEE tende a gerar menos desgaste político para o governo de Dárcy. Na semana passada, depois que o nome da prefeita foi diretamente envolvido nas denúncias, a votação sobre a proposta da CPI foi adiada para esta semana.

A sessão da última quinta-feira foi acompanhada de perto até pelo secretário de Governo, Jamil Albuquerque.

Ele chegou a conversar com parlamentares no plenário da Câmara, mas depois afirmou que sua presença no Legislativo justamente da noite em que seria discutida a criação da CPI foi uma simples "coincidência".

ALTERNATIVA

No dia, Walter Gomes alegou que o tema precisava ser melhor debatido, principalmente devido à iminência de novos fatos, já que a segunda suspeita seria ouvida na tarde do dia seguinte. O adiamento foi aprovado com votos de toda a bancada aliada.

Uma nova proposta de CPI pode ser apresentada pelos opositores de Dárcy, mas tende a naufragar se mantido o placar que adiou o debate. A presidência deve estudar a viabilidade da tramitação de CEE e CPI conjuntamente.