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Herdeira de família tradicional e rica, idosa vive em um barraco improvisado

Ela já fez parte do "jet set" de Ribeirão Preto e viveu uma vida regada a luxo. Há três meses, porém, Marilda Maria Bertochi, 69, mora num barraco no terreno de uma casa dos pais e trava uma disputa judicial com os irmãos por conta da herança.

"Daqui eu não vou sair enquanto não tiver o inventário", diz Marilda, que sobrevive com uma pensão de

R$ 1.000 do ex-marido, Dolando Martorano, dono da Lio Serum, de produtos laboratoriais e hospitalares.

Ele foi procurado pela Folha, mas não foi encontrado.

No ano passado, a casa onde ela morava com 30 cachorros, no Campos Elíseos, foi demolida depois de constatado risco de desabamento.

Ela foi morar em um flat de alto padrão de uma irmã, na praia de Pitangueiras, no Guarujá, litoral sul paulista.

Mas brigou com ela e decidiu voltar. Quando chegou, viu que o terreno da casa onde os pais moraram por 36 anos era habitado por usuários de drogas. "Mandei todo mundo ir embora e decidi cuidar do que é meu", diz.

O pai de Marilda, Luiz Bertochi, morto em 1977, foi proprietário de dezenas de imóveis na cidade. Os outros três irmãos têm, pelo menos, 12 imóveis, segundo ela.

No auge da sua vida social, ela frequentava as casas dos Meirelles (família de fazendeiros da região) e Gasparini (de políticos como o tucano Welson, quatro vezes prefeito de Ribeirão), entre outras famílias tradicionais.

Marilda, que chegou a dar um terreno para uma ex-empregada doméstica, hoje toma banho em uma mangueira improvisada, recebe doação de alimentos e divide a cama com três cachorros.

"Hoje sei que não é o dinheiro que traz felicidade e, sim, a paz interna. Isso não se compra", afirma.