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Já adotado em 60 cidades, toque de recolher é barrado pelo STJ

Medida, que proibia a circulação de menores em Cajuru à noite, foi vetada pelo Superior Tribunal

Veto pode abrir brecha para que regra seja questionada em outras cidades, como Barretos e Fernandópolis

Márcia Ribeiro/Folhapress
Jovens em praça de igreja, no centro de Cajuru, onde toque de recolher foi suspenso
Jovens em praça de igreja, no centro de Cajuru, onde toque de recolher foi suspenso

LEANDRO MARTINS
DE RIBEIRÃO PRETO

Medida adotada por juízes em várias cidades brasileiras como forma de reduzir a violência entre jovens, o chamado toque de recolher recebeu decisão contrária do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

A corte concedeu um habeas corpus a menores de Cajuru, vetando a regra que vigorava na cidade desde 2010.

A decisão atendeu a uma ação proposta pela Defensoria Pública do Estado, que é contra uma portaria da Justiça local que limita a circulação de crianças e adolescentes à noite e de madrugada.

Agora, o acórdão do STJ deve abrir uma brecha para que a instituição questione regras semelhantes em outros municípios -na mira já estão as cidades de Ilha Solteira, Fernandópolis e Barretos.

No caso de Cajuru, que tem 23 mil habitantes, o toque de recolher foi instituído em abril do ano passado, após uma portaria da Vara da Infância e da Juventude local.

A medida proibiu que menores desacompanhados dos pais ou responsáveis ficassem nas ruas após as 23h.

De acordo com levantamento feito pela Folha em junho, ao menos 60 municípios, de 17 Estados, têm medidas semelhantes. Juízes, delegados e conselhos tutelares afirmaram à época que a restrição ajudou a reduzir a violência nessas cidades.

Para a Defensoria Pública, no entanto, o toque de recolher fere direitos constitucionais, privando os menores de sua liberdade de circulação.

O órgão diz ainda que as portarias dos juízes que criaram as regras são inconstitucionais, pois os magistrados não têm autonomia para isso, de acordo com a Defensoria -argumento que foi aceito pelo Superior Tribunal de Justiça no caso de Cajuru.

No acórdão assinado pelo ministro Herman Benjamin, o STJ diz que a portaria que criou o toque de recolher "ultrapassou os limites dos poderes normativos" previstos no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

REDUÇÃO DA VIOLÊNCIA

Nas cidades onde o toque de recolher vigora, instituições que trabalham com os menores afirmam que as medidas foram positivas.

Em Cajuru, o Conselho Tutelar diz que, antes da criação da regra, 20 menores, em média, se envolviam mensalmente com crimes. Hoje, de acordo com o conselheiro Aldo Patto, 58, casos do tipo são raros.

A mesma redução ocorre em Fernandópolis, diz o juiz Evandro Pelarin, da Vara da Infância e da Juventude. Lá, o toque de recolher vigora desde 2005.

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